Desinformação
Polícia já investigou cinco denúncias falsas sobre ataques com ácido na zona sul de Porto Alegre
Segundo delegado Luciano Coelho, cada trote obriga a polícia a fazer mobilização desnecessária, prejudicando apuração dos casos já confirmados
Desde que os porto-alegrenses passaram a saber da existência de um criminoso que atira ácido sulfúrico em pedestres, a 13ª Delegacia da Polícia Civil começou a enfrentar um outro problema: a boataria. Segundo o delegado Luciano Coelho, chegaram até ele cinco denúncias de ataques que não se confirmaram.
— Não aconteceu nenhum novo ataque. Tudo que recebemos pela internet, pelas redes sociais, nós checamos. Um denunciante disse até que tinha um carro vermelho sendo usado nos ataques, mas nada novo se confirmou — explica o investigador.
As falsas comunicações davam conta de ocorrências na zona sul de Porto Alegre, nos bairros Cavalhada, Tristeza e Urubatã. Os cinco casos concretos ocorreram entre 19 e 21 de junho, nos bairros Nonoai e Hípica, mesma região citada nos boatos. O Instituto Geral de Perícias (IGP) apontou que o material usado é, de fato, ácido sulfúrico, vendido sem qualquer restrição no comércio.
O delegado reclama da mobilização necessária para ir atrás dos trotes, mas pondera que não deixará de buscar o autor dos ataques.
— Se houver ataque vamos checar, mas prefiro que não tenha nenhum novo ataque. Mesmo sem sequelas motoras, as pessoas vão ficar com traumas — acrescenta.
Veículo não identificado e possibilidade de novo rumo nas investigações
Na última semana, o departamento de criminalística analisou imagens de prédios próximos às regiões onde as vítimas sofreram as queimaduras. Porém, nenhuma das câmeras tinha qualidade suficiente para identificar a placa do veículo, um HB20 branco, segundo relatos de quem foi atacado.
— Se fossem câmeras da EPTC, que pegam de frente, com alta resolução, teríamos as placas. Mas são dos condomínios, e nenhuma é conclusiva — informa Coelho.
Novas gravações serão encaminhadas para perícia entre esta segunda (1º) e terça-feira (2).
Ainda segundo o delegado, a investigação checou dezenas de automóveis do mesmo modelo na região, mas nenhuma suspeita foi levantada nas diligências. Com isso, não descarta que o carro seja clonado:
— No início, a gente não imaginava que alguém fosse roubar um carro para esse fim, mas agora já estamos pensando nisso. É uma hipótese forte, e já estamos trabalhando com essa possibilidade.
Carta com instruções
Uma investigação paralela é realizada sobre outra ocorrência: uma carta arremessada em uma residência, enrolada em uma pedra, com o que seriam instruções sobre como agir nos ataques. Câmeras de segurança identificaram um homem correndo em meio à chuva e jogando a pedra contra a casa. As imagens também nãotêm qualidade suficiente para identificar o autor, de acordo com a perícia.
— É um mistério. Sequer há suspeita se há ligação entre os ataques e essa pedra, ou qual seria a motivação —finaliza.