Crime organizado
Operação da polícia mira facção que extorque comerciantes em Porto Alegre
Mais de 250 agentes realizam buscas em 58 locais e tentam capturar 18 pessoas
A 17ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre desencadeou na manhã desta sexta-feira (6) uma das maiores ações contra o crime organizado este ano. Os alvos são autores de extorsões sistemáticas realizadas contra comerciantes no centro da Capital.
Mais de 250 agentes realizam buscas em 58 locais de Porto Alegre e da Região Metropolitana e tentam capturar 18 pessoas, que tiveram as prisões temporárias deferidas pela Justiça. Todos são suspeitos de ligação com a facção criminosa Bala na Cara — alguns, inclusive, já estão em presídios e serão notificados, na cadeia, do novo mandado a cumprir.
Um dos chefes da facção, com mandado de prisão emitido agora, foi capturado há poucos anos no Paraguai e está recluso numa cela na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Mesmo assim, teria centralizado cobrança de "pedágio" ao comércio porto-alegrense.
Os mandados são cumpridos na Grande Porto Alegre. São procurados criminosos e também locais de armazenamento de armas, drogas e produtos contrabandeados. Há relatos inclusive de que alguns locais revistados são utilizados para tortura de desafetos da facção.
A operação é comandada pelo delegado Juliano Ferreira, da 17ª DP, com apoio do Grupamento de Operações Especiais (GOE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. A ação é uma resposta à queixa de ambulantes, vendedores de frutas e lojistas do Centro contra achaques sofridos por parte da facção, que exige monopólio na arrecadação de propina.
Investigação
A investigação confirmou que as extorsões começaram há mais de três anos, inicialmente a prostitutas, flanelinhas e ladrões que atuavam na região. Todos eram obrigados a pagar "pedágio" ao grupo criminoso.
Depois, os bandidos começaram a cobrar de ambulantes e, no ano passado, passaram a extorquir lojistas. O delegado conseguiu confirmar 10 casos, mas acredita que são centenas de comerciantes ameaçados semanalmente.
— Não existe extorsão sem vítima, e peço que elas sigam até a 17ª DP para registrar ocorrência. Só assim vamos coibir esse crime — disse Ferreira, que estima que o grupo tenha lucrado mais de R$ 80 mil por mês com as extorsões no último ano (ouça abaixo).
Até as 10h, oito pessoas haviam sido presas, além de sete que foram detidas durante a investigação. Os mandados foram cumpridos na Capital e em Viamão, onde uma pessoa foi localizada portando um fuzil e uma pistola.
Em um dos locais, no centro de Porto Alegre, a polícia fechou a calçada e isolou a Voluntários da Pátria por alguns minutos para arrebentar a porta e uma galeria utilizando um carro e um cabo de aço. O delegado diz que o prédio é usado pela facção para guardar armas e produtos roubados.