Investigação
Polícia indicia 18 suspeitos de matar e traficar a mando de líder de facção detido no Central
Rainer Ernesto Borges foi preso há quatro meses, após quase uma década foragido
Após nove meses de investigação, a Polícia Civil encaminhou nesta quarta-feira (25) inquérito à Justiça com o indiciamento de 17 suspeitos de matar e traficar a mando de Rainer Ernesto Borges, 35 anos, que está detido no Presídio Central. O detento — que também foi indiciado — está preso há quatro meses, após ter passado quase uma década sendo considerado um dos foragidos mais procurados do Estado.
Os 18 indiciados por tráfico de drogas e organização criminosa foram alvo de duas operações da Delegacia de Capturas do Departamento de Investigações Criminais (Deic). A polícia divulgou apenas os nomes dos líderes do esquema investigado.
O delegado Arthur Raldi, responsável pela investigação, diz que o primeiro passo foi localizar Rainer, o que ocorreu em maio deste ano em um sítio de Viamão. No mesmo dia em que foi encaminhado para a prisão, a polícia confirmou que o detento estava de posse de um celular.
Em menos de uma semana, conforme a apuração, começaram a ser dadas as ordens para venda de drogas, assassinatos, ameaças e instruções aos gerentes do tráfico. Segundo o delegado, Rainer está no Central junto com dois irmãos dele.
Os três são investigados por liderar uma facção que atua na zona sul de Porto Alegre, principalmente no bairro Belém Novo. A região, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), teve um aumento de 62% nos homicídios entre 2017 e 2018 — de acordo com o delegado, parte dos crimes se deve à ação desta facção.
O segundo passo da polícia contra a organização criminosa ocorreu há quase duas semanas, quando foi deflagrada nova operação do Deic. Na ocasião, foram cumpridos 12 mandados de prisão e 11 de busca em Viamão e em São Leopoldo, resultando em oito prisões.
Todos os 18 indiciados fariam parte de uma cadeia criminosa identificada pela equipe de Raldi. As ramificações se iniciam com os responsáveis por embalar e vender drogas, passando pelos gerentes e líderes e terminando com os encarregados pela contabilidade e pelas execuções.
Áudios
Em uma das gravações disponibilizadas pela polícia, Borges fala de dentro da cadeia sobre a venda de drogas e faz ameaças para um integrante da facção caso algo saia errado:
Neste diálogo, comparsas de Rainer falam sobre a prisão dele, ocorrida em maio, em um sítio na cidade de Viamão:
Homicídios
Sobre os assassinatos, os casos foram encaminhados para o Departamento de Homicídios. Também foi solicitada maior restrição ao uso de celular por Rainer na cadeia. Ele tem, além das investigações por assassinatos, uma condenação de 15 anos e oito meses de prisão por homicídio.
Os irmãos dele são Israel Ernesto Borges, 23 anos, e Diego Mota Ernesto, 28 anos. Diego também foi preso em maio deste ano em um sítio de Viamão, e Israel foi detido em fevereiro do ano passado no bairro Restinga, na zona sul da Capital.
GaúchaZH não conseguiu contato com a defesa dos presos para contraponto.