Três suspeitos de envolvimento em arrombamentos em série a estabelecimentos comerciais da Região Metropolitana são alvo de operação na manhã de ontem. Agentes da 17ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços relacionados aos investigados, mas não encontraram os suspeitos.

O trio é suspeito de envolvimento em cinco furtos em lojas nos últimos seis meses, todos noturnos. Um deles, em outubro, lembra cenas de cinema, pelo inusitado e porque foi quase todo gravado por câmeras de segurança.

O ataque resultou no furto de 304 celulares de uma unidade das Lojas Americanas, no centro da Capital. O delegado Juliano Ferreira, que até semana passada respondia pela 17ª DP, estima que o prejuízo da empresa tenha ultrapassado R$ 1 milhão.

O crime foi planejado em detalhes. Usando documentos falsos, um dos homens procurou uma imobiliária e alugou, por 30 dias, uma sala do sétimo andar da Galeria Edith. A justificativa era de que o local seria um escritório, mas, na verdade, era o ponto mais próximo de acesso ao prédio das Lojas Americanas.

No final da tarde de 4 outubro, câmeras de vigilância da galeria flagraram o trio entrando pela última vez no prédio pela portaria da Rua dos Andradas. Os homens carregavam mochilas e sacolas que, no dia seguinte, serviriam para levar os celulares.

Na madrugada do sábado, 5 de outubro, os criminosos pularam a janela do banheiro da sala que ocupavam, acessando o telhado das Lojas Americanas. Dali, romperam a grade de uma tubulação — construído para saída de fumaça em eventual incêndio — e se arrastaram por dentro do duto que terminava diante da tesouraria da loja.

Com máscaras cobrindo os rostos, para dificultar identificação por meio de câmeras de vigilância, e barras de ferros nas mãos, os três ladrões arrombaram a porta da tesouraria e de armários, mas não encontram o que procuravam. Em seguida, percorreram corredores, desceram escadas até localizar a gerência. Ali, estouraram a porta de entrada e de dois armários onde encontraram as caixas de celulares.

Mesmo com soar do alarme, os ladrões tiveram tempo suficiente para encher as sacolas com os aparelhos e retornaram pelo duto até o telhado, pulando de volta para o "escritório" deles. A ação dentro da loja durou cerca de 10 minutos.

Os criminosos pernoitaram no local e deixaram a galeria por volta das 9h30min daquele sábado, 5 de outubro. O peso das sacolas era tão grande que um dos ladrões quase caiu ao chão ao passar pelo corredor. Em frente à galeria, na Rua Andrade Neves, os três homens embarcaram em um Corsa branco que os aguardava e fugiram sem despertar atenção. O motorista do carro ainda é procurado e não foi identificado.

— Caminharam por toda a loja, poderiam pegar outros tantos produtos, mas só queriam celulares. Certamente, tinham informação privilegiada — diz o delegado Juliano Ferreira.

Um dos alvos dos mandados é suspeito de outros três arrombamentos em lojas no centro da Capital. Em um deles, um Gol que seria dele foi fotografado por seguranças de um estabelecimento parado ao lado da loja atacada. A pedido da polícia, rastreamento no sistema de câmeras de vigilância da Secretaria da Segurança Pública mostrou que o veículo passou em pardais e lombadas na área central da Capital na madrugada do arrombamento. O Gol também teria sido usado em outro furto.

Esse mesmo homem também é investigado por arrombamento em loja em São Leopoldo e outro na filial das Americanas em Esteio, em meados de novembro, quando foi pego em flagrante por policiais militares. Ele acabou solto para responder a inquérito em liberdade.

Rastreamento

Após o furto dos celulares, o delegado Juliano solicitou à empresa que mantivesse desbloqueados os códigos dos Imeis (espécie de chassi do celular). A medida permitiria que os aparelhos fossem utilizados, e a polícia saberia quem estava com eles.

O delegado explica que, a partir de agora, a investigação se dedicará a identificar quem está usando os celulares. Até o momento, tem os nomes de 47 pessoas que habilitaram os aparelhos em Porto Alegre, cidades do Interior e de outros Estados, incluindo Goiás.

— Vamos chamar essas pessoas para depor e verificar se compraram de boa-fé ou sabiam que era produto de crime — diz o delegado Juliano.

 O próximo passo da investigação é solicitar a prisão preventiva do trio, que será indiciado por furto qualificado e organização criminosa, conforme explica o delegado Cleber Lima, que agora responde pela 17ª DP.

A importância do Imei

Todo celular tem código único, que permite identificá-lo: o Imei. Para saber o número do seu, basta digitar *#06#. É importante armazenar essa sequência. Em caso de roubo, deve ser informado à polícia. Isso permite que o aparelho seja identificado e rastreado.