Polícia



Flagrantes

Sem exigir máscaras ou distanciamento, bingos clandestinos seguem funcionando em Porto Alegre

Segundo especialista, locais fechados e sem cuidados de higiene são focos de transmissão

14/07/2020 - 09h13min


Giovani Grizotti

Além de desafiarem a polícia por serem ilegais, bingos de Porto Alegre ignoram regras de distanciamento controlado e organizam apostas com aglomerações, sem uso de máscaras nem higienização das máquinas, favorecendo a transmissão do coronavírus. Os flagrantes foram feitos pela equipe da RBS TV em quatro casas clandestinas nas regiões do centro da Capital e da Avenida Azenha.

Localizado na Rua Marechal Floriano, um dos bingos foi fechado minutos após o comando da Brigada Militar ter sido procurado pela reportagem. O local fica a poucos metros da companhia de policiamento do Centro Histórico, com intensa movimentação de viaturas e PMs. Dentro da casa,  localizada nos fundos de uma galeria, tem caça níqueis e sistema de cartelas eletrônicas.

Quem não tem dinheiro, pode passar o cartão de crédito e receber o equivalente em notas para apostar.

— No cartão, só acima de R$ 15 — disse a funcionária, que mantinha a máscara na altura do pescoço.

Muitos clientes também foram flagrados sem máscaras  e sem respeitar o distanciamento. A mesma situação foi flagrada em outros três bingos ilegais, onde integrantes de grupo de risco, como idosos, estão entre os frequentadores. 

Esse tipo de ambiente, na opinião do médico Alexandre Zavascki, chefe do Serviço de Infectologia Hospital Moinhos de Vento, facilita a propagação do coronavírus.

— No momento em que temos uma doença transmissível não controlada, a manutenção de ambientes que favoreçam a aglomeração de pessoas em recintos fechados, conversando em tom de voz elevado, é realmente um foco de grande risco para a transmissão de infecções virais — alerta o médico.

A prefeitura diz que realiza fiscalizações e que já fechou um bingo durante a pandemia. Já a Polícia Civil afirma que está fechando o cerco às casas ilegais.

— É um crime contra a saúde publica. A Polícia Civil tem recebido inúmeras denúncias, não só de bingos, mas de aglomerações, e tem tentado atuar em cima dessas denúncias recebidas. A Polícia Civil sempre combateu o jogo de azar, através de bingos e caça-níqueis. Agora, com a pandemia, a questão se agrava — afirma a delegada Adriana Regina da Costa, diretora do Departamento de Polícia Metropolitano.


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