O vereador Márcio Anderson Schmitz, 36 anos, o Márcio Alemão (PT), de Esteio, na Região Metropolitana, teve prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele foi preso em flagrante na noite de quarta-feira (8) em uma residência do município, assim como outro homem que morava no local, por tráfico de drogas. A defesa tenta obter a liberdade provisória e alega que ele estava no local por ser usuário.

Os policiais chegaram ao local após uma informação recebida há cerca de duas semanas, que passou a ser investigada. Segundo o delegado Thiago Carrijo, o vereador e o outro preso foram monitorados entrando e saindo da casa repetidas vezes durante horas. Chegaram a se deslocar até São Leopoldo e regressar mais uma vez, conforme a polícia — além do material encontrado no local, esse é um dos indícios para que a polícia tenha realizado o flagrante por tráfico. 

Na casa onde os dois foram presos, foram encontradas 55 porções de maconha, balança de precisão, munição, equipamentos para preparo e embalo de droga, além de cocaína do tipo "escama de peixe", que possui valor mais elevado de venda. A droga estava escondida dentro de uma geladeira. 

— O indicativo principal de tráfico é que durante o monitoramento que fizemos, por umas sete horas, o vereador não teve comportamento de quem chega no local, entra para comprar e vai embora. Ele entrava e saía da casa o tempo todo, essa casa onde foi encontrado todo o material. Não teve atitude de usuário —explica o policial.

O delegado pretende solicitar perícia na máquina de cartão de crédito encontrada no local, além de telefones apreendidos. Também poderá ouvir outras pessoas e depois pretende remeter o inquérito ao Judiciário. Nenhum dos dois presos quis prestar depoimento na delegacia. Reservaram-se ao direito de falar somente em juízo. O nome do vereador não foi divulgado pela polícia, mas foi apurado pela reportagem. 

Defesa

O advogado Sidnei Bitencourt alega que Márcio Alemão nunca esteve antes na casa onde foi preso e que teria ido ao local em busca de drogas para consumo, por ser usuário de entorpecentes, motivo pelo qual teria se licenciado há cerca de um mês da Câmara de Vereadores. Argumenta que encaminhou pedido de liberdade provisória à Vara Criminal de Esteio porque o cliente tem residência fixa e é primário, sem condenação anterior.

— Entendo que a classificação do delito como tráfico de drogas para o meu cliente não é procedente porque ele não é e nunca foi traficante. O que aconteceu foi que estava no lugar e na hora errada, quando a polícia prendeu ele e o dono da casa, onde foram encontradas as drogas. Ele teria que ser preso como usuário e nunca como traficante. Ele nunca vendeu nada para ninguém — disse.

Essa foi a terceira vez que o vereador foi preso. Ele já havia sido detido em setembro de 2019 com um carro clonado. Em abril de 2018, ele se envolveu em um acidente e, segundo a Brigada Militar (BM), apresentava sinais de embriaguez. Segundo a defesa, no entanto, ele não responde a processo. Márcio Alemão segue preso na Delegacia de Polícia Metropolitana de Canoas, onde aguarda vaga no sistema prisional. 

— Ele estava licenciado da Câmara para se tratar. Ele vai se tratar. Vai cumprir seu mandato de vereador até o fim e vamos ter a oportunidade de provar que ele não é e nunca foi traficante — afirmou o advogado.