Região Metropolitana
Operação prende traficantes de Esteio que tinham lista com 3 mil clientes de telentregas de drogas
Criminosos também se passavam por motoristas de aplicativo para tentar despistar a polícia
Operação que contou com 125 policiais civis desarticulou uma quadrilha de Esteio na manhã desta quinta-feira (3). O grupo fazia telentrega de drogas no município, em Canoas e ainda em Sapucaia do Sul.
Os traficantes, que se passavam por motoristas de aplicativo para tentar despistar a polícia, também usavam motoboys e possuíam sistema de venda via cartão de crédito para uma lista com até 3 mil clientes. Além disso, vendiam R$ 200 mil de entorpecentes por mês.
No total, os agentes prenderam sete suspeitos em cidades da Região Metropolitana e no Vale do Caí. Mandados judiciais foram cumpridos também no complexo prisional de Charqueadas.
A operação é consequência de outra realizada em junho deste ano e contra o mesmo tipo de crime, quando quatro suspeitos foram detidos. Nesta quinta-feira, foram cumpridas 29 ordens judiciais, sendo oito de prisão, em Esteio, Canoas, Sapucaia do Sul, Montenegro e Charqueadas.
Outros mandados cumpridos foram referentes ao sequestro judicial de veículos usados nas telentregas. Além disso, drogas, armas e dinheiro foram localizados pelos agentes.
A investigação de seis meses é da delegada Luciane Bertoletti. Segundo ela, entre os gerentes e vendedores de drogas, há dois apenados e outro investigado que estava na condição de foragido. Apesar das prisões, três criminosos ainda seguem sendo procurados.
— Como na primeira fase da operação, a quadrilha, que já tinha pontos fixos para vender drogas, intensificou as vendas por telentrega após o início do distanciamento social — ressalta Luciane.
Os traficantes se organizaram adquirindo novos veículos, recrutando traficantes, principalmente motoristas e motoboys, tornando a venda de drogas por telentrega a principal atividade da organização criminosa. Em alguns casos, inclusive com a comprovação por meio de conversas de áudio localizadas em celulares apreendidos, Luciane verificou que vendedores se passavam por motoristas de aplicativo para despistar as autoridades de segurança, afirmando que tinham essa profissão em caso de abordagem policial.
Luciane destaca ainda que a medida era para dar mais credibilidade ao negócio ao tentar evitar a presença de policias junto aos usuários no momento da compra do entorpecente. Foram confirmados três mil contatos de clientes — usuários de drogas — em agendas apreendidas com os líderes da quadrilha.
O negócio ilícito também funcionava por meio de motoboys. Por mês, a polícia apurou que a organização criminosa vendia até R$ 200 mil de crack, maconha e cocaína. Para facilitar ao máximo ao cliente, os pedidos eram feitos via WhatsApp e pagamentos poderiam ser feitos via cartão de crédito.
— Somente entre os dias 17 e 24 de abril deste ano, apenas um dos distribuidores, responsável por um grupo de vendedores, repassou drogas em um valor aproximado de R$ 23 mil — explica o delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana.
Como o esquema funcionava
– Após negociações realizadas pelo líder da organização, que cumpre pena no sistema prisional, um distribuidor se encontrava com o fornecedor da quadrilha, normalmente em lugares públicos de baixa circulação de pessoas para receber malotes de drogas
– O distribuidor de Esteio armazenava os entorpecentes em um local próprio e preparava a droga para a venda
– Em seguida, o distribuidor repassava quantidades menores para os entregadores e para alguns traficantes que atuavam em pontos fixos
– Os pedidos dos usuários por telentrega eram recebidos via WhatsApp
– Depois disso, os entregadores se deslocavam até as residências ou locais de trabalho dos usuários e concluíam a venda
– Havia, sempre que possível, a ordem de simular ser um entregador de aplicativo para tentar despistar a polícia
– Também facilitavam as vendas por meio de cartões de crédito