Polícia



Novo interrogatório

Ex-companheiro admite ter assassinado jovem que estava desaparecida em Serafina Corrêa

Corpo estava em matagal no município de Nova Araçá. Caso foi esclarecido a partir de novo depoimento do autor confesso nesta quinta-feira (26)

27/08/2021 - 09h26min


Leonardo Lopes
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Polícia Civil / Divulgação
Corpo de Daniele dos Santos Camargo foi enterrado a cerca de 25 quilômetros de Serafina Corrêa

Em novo depoimento na Polícia Civil de Serafina Corrêa,  um homem de 40 anos confessou ter assassinado Daniele dos Santos Camargo, 23 anos, que estava desaparecida desde o dia 4 de agosto. O autor confesso, que é ex-companheiro da jovem, apontou onde enterrou o corpo da vítima,  um matagal na Linha Caçador, no interior de Nova Araçá. Com a confissão, a investigação confirma a tese de feminicídio. O nome dele não foi divulgado pela polícia.

A Polícia Civil já tinha imagens de câmeras do encontro de Daniele com o ex-companheiro e do automóvel dele circulando por estradas rurais. A perícia veículo encontrou vestígios de sangue no porta-malas. Todas essas provas foram utilizadas para confrontar o suspeito na manhã desta quinta-feira (26).

— Ele admitiu ter matado a Daniele e indicou o local onde estava o corpo. Ele alega que houve uma discussão entre eles. A versão é que a mulher tentou agarrar os cabelos dele e ele acabou asfixiando ela com uma extensão (fio de luz). Quando constatou que ela estava morta, ele relata que a colocou no porta-malas e começou a procurar um local para esconder o corpo — descreve o delegado Tiago Lopes de Albuquerque, responsável pela investigação.

O corpo de Daniele foi encontrado na tarde desta quinta-feira (26), a cerca de 25 quilômetros do centro de Serafina Corrêa. Foram 22 dias de investigação e buscas pela zona rural da região. O delegado Albuquerque afirma que o caso está esclarecido e que o inquérito policial deverá ser concluído na próxima semana.

Arquivo Pessoal / Reprodução
Buscas seguem por parte da Polícia, enquanto ex-companheiro de Daniele está preso

No final da tarde, a perícia do IGP com luminol, realizada pelo Posto de Criminalística do IGP, em Caxias do Sul, no carro do homem coletou amostras compatíveis com sangue humano. Análises laboratoriais compararam o material cedido pelo pai da vítima, e confirmaram que o sangue presente no carro é compatível.

IGP / Divulgação
Perícia com luminol foi realizada no carro do ex-companheiro de Daniele

 A perícia de local de cadáver encontrado foi realizada pelo Posto de Criminalística de Passo Fundo. O corpo está sendo levado para o Posto Médico-Legal de Bento Gonçalves, onde será feita a necropsia que pode apontar as causas da morte.  


Casal estava separado havia  um mês

Daniele trabalhava no período noturno em uma indústria alimentícia. Após terminar o expediente, no último dia 4 de agosto, a jovem foi a uma academia e depois encontrou uma amiga em uma padaria. Ela deixou o local pouco depois das 7h30min e caminhou em direção da casa onde morava com os pais e a irmã. Ela nunca chegou na moradia da família.

Imagens de câmeras de monitoramento mostram Daniele embarcando, de forma espontânea, no carro do ex-companheiro. Segundo a Polícia Civil, o homem de 40 anos esperou por cerca de 40 minutos até a chegada da jovem. Na sequência, o carro foi flagrado por outras câmeras indo e voltando da localidade de Morro do Cristo, no interior de Serafina Corrêa.

Inicialmente, o homem  negou ter encontrado Daniele no dia do desaparecimento. Confrontado com as imagens, ele mudou a versão e admitiu uma conversa. Na ocasião, ele alegou ter deixado a jovem próximo de sua residência, mas os investigadores não encontraram uma imagem que pudesse confirmar essa versão. O ex-companheiro foi preso temporariamente na noite do dia 6 de agosto.

As buscas, com apoio de bombeiros e voluntários, se concentraram na localidade de Monte Cristo, mas aos poucos foram sendo ampliadas enquanto os policiais conseguiam novas provas. Na semana passada, a Polícia Civil conseguiu imagens do veículo do suspeito em direção aos municípios de Nova Bassano e Nova Araçá. Por isso, buscas começaram a ser feitas com apoio de barcos no Rio Carreiro.

Segundo a Polícia Civil, Daniele e o investigado tiveram um relacionamento por mais de um ano. Eles chegaram a morar juntos por um período. Segundo o delegado Alburquerque, a família fala em dois meses do rompimento antes do desaparecimento. Posteriormente, o homem enviou mensagens para ex-companheira numa tentativa de retomar o relacionamento, segundo apurou a investigação.

A família também relata que o homem já teria agredido Daniele, contudo esse fato não foi relatado à polícia na época. Nos depoimentos, o suspeito foi descrito como controlador e ciumento.


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