Alvo de megaoperação
Facção criminosa realizava rifas de armas e de dinheiro entre integrantes dentro de presídio no RS
Grupo fez pelo menos dois sorteios de pistolas e espingarda na PEJ, em Charqueadas
A facção que foi alvo de megaoperação na semana passada, a maior da história da Polícia Civil gaúcha, e lavou R$ 50 milhões em bens, entre outros crimes, também promovia rifas entre os seus mais de 200 integrantes. Segundo a investigação, pistolas, espingardas e até mesmo dinheiro eram sorteados dentro da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, na Região Carbonífera.
De acordo com a apuração de um ano e meio do titular da 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul, delegado Gabriel Borges, a organização criminosa — que tem base no Vale do Sinos e atua em todo o sul do país — teve áudios e documentos apreendidos que comprovam a realização de pelo menos duas rifas desde o ano de 2020. O objetivo dos sorteios era capitalizar ainda mais os delitos praticados, além de a medida ser considerada uma afronta às autoridades da segurança.
Borges afirma que listas com nomes de participantes e tabelas com todos os tipos de dados foram apreendidas. Nos documentos, é possível observar valores e tipos de prêmios.
Em um dos sorteios, o primeiro prêmio era uma espingarda, sendo os demais valores em dinheiro, e cada participante pagava R$ 100 pela rifa. Outro envolvia duas pistolas, uma 9 milímetros e outra .380, com pagamento de R$ 200 por número.
A Polícia Civil diz que os sorteios ocorreram após 80% ou 90% dos números terem sido vendidos. Foram envolvidos pelo menos cem participantes.
Responsáveis pela rifa e os participantes estão sendo identificados, um a um. A Brigada Militar, que administra a PEJ, foi acionada para também tomar providências e isolar os envolvidos.
Investigação continua
A mesma facção também planejava roubos de carros de luxo e de mansões em Jurerê Internacional, em Santa Catarina, e lavou dinheiro obtido com o tráfico internacional de drogas — por meio de conexões com Paraguai, Bolívia, Colômbia e México — e de armas — como fuzil e submetralhadora. O grupo também é investigado por comércio ilegal de pedras preciosas, estelionato, roubo de veículos e falsificação de documentos.
A investigação continua por vários tipos de delitos que estão sendo detectados, mas também porque seguem as apreensões de materiais originados da lavagem de dinheiro. Há ainda 12 foragidos — dos 58 mandados de prisão que foram cumpridos, três suspeitos obtiveram liberdade nos últimos dias.
Dos 102 veículos sequestrados judicialmente, 52 já foram apreendidos, um deles um Porsche avaliado em R$ 500 mil. Só de veículos, o valor chega a R$ 10 milhões.
Também foram confiscados 38 imóveis, um deles em um condomínio de luxo de Porto Alegre que foi avaliado em R$ 2 milhões. Em imóveis, o valor chega a R$ 40 milhões.
O delegado Borges diz que os demais carros que ainda não foram apreendidos, assim como duas aeronaves, já foram sequestrados judicialmente e os policiais estão, aos poucos, resgatando os veículos. Ainda serão analisadas operações feitas pela facção na bolsa de valores de São Paulo e as 190 contas bancárias em nome de laranjas no Estado, em Santa Catarina, Paraná e até em Mato Grosso do Sul.