Polícia



Primeiro semestre

Porto Alegre tem queda de 6,9% nos roubos a pedestres, mas média ainda é de um assalto a cada 42 minutos

De janeiro a junho deste ano, foram registrados 6.291 crimes desse tipo, enquanto no mesmo período de 2021 tinham sido 6.755

02/08/2022 - 08h50min

Atualizada em: 08/08/2022 - 10h01min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Anselmo Cunha / Agencia RBS

Quando caminha pelo centro de Porto Alegre, a massoterapeuta Nisete Selau, 57 anos, recorda do assalto que sofreu há quatro anos. Com medo, carrega os pertences em frente ao corpo e mantém o celular guardado. No primeiro semestre deste ano, a Capital registrou 6.291 roubos a pedestres — é 6,9% a menos do que os casos comunicados à polícia entre janeiro e junho de 2021 (veja gráfico abaixo). Ainda assim, a média é de 34 por dia, ou seja, a cada 42 minutos alguém é assaltado. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do RS.

— Tento ser o menos visível possível — diz Nisete, que anda pelo Centro Histórico com a mão sobre a bolsa.

Quando foi assaltada, os criminosos lhe atacaram logo após ela desembarcar do ônibus e levaram sua bolsa. Assim como Nisete, Adriana Claudine da Silva, 34 anos, é cuidadosa ao circular pela região. Mantém bolsas e sacolas firmes nas mãos, em frente ao corpo.

— Ando com medo, olhando para todos os lados — confidencia a recepcionista.

Por outro lado, há quem se sinta seguro ao caminhar pelo mesmo local. É o caso do gerente comercial Pedro Belmonte, 31 anos, que costuma falar ao celular e tirar fotos no meio da rua.

— Trabalho no Centro, então estou sempre circulando por aqui, mas nunca tive problemas, nunca tentaram me assaltar. Claro que me cuido, mas me sinto seguro sim — garante.

Sozinha, a Capital representa quase metade dos roubos a pedestres registrados no Estado. No RS foram 13.035 registros no primeiro semestre, contra 14.446 casos comunicados à polícia no mesmo período do ano passado. Ou seja, houve queda, neste caso, de 9,7%. 

Prevenção 

À frente do Comando do Policiamento da Capital (CPC), o coronel Fernando Gralha Nunes aponta entre os fatores que impactam na redução dos roubos o uso de inteligência e da análise criminal, para identificar as áreas de maior incidência e empregar o policiamento nesses locais como forma de prevenção e repressão. Além disso, destaca o fortalecimento da rede com a comunidade, como os próprios lojistas ou funcionários do comércio, em pontos onde pode haver mais casos.

— Nos preparamos para uma tendência de aumento neste ano, por conta da maior circulação de pessoas e retomada das atividades. Então, direcionamos os nossos esforços para conter, tentar impedir que tivesse aumento e conseguimos — explica o coronel.

Embora a maior parte dos casos ainda aconteça na área do Centro, segundo a polícia, há registros em diferentes bairros. Os pontos considerados de maior risco pela BM são no entorno de paradas de ônibus e também em áreas que concentram muitas pessoas, como proximidades de complexos hospitalares. O celular ainda é o item mais roubado pelos criminosos, embora em alguns casos os assaltantes levem bolsas ou relógios, por exemplo.

— Fazemos um pedido para que as pessoas procurem se informar sobre procedência dos aparelhos. Se ela compra um aparelho por preço muito abaixo do mercado, pode estar receptando e alimentando o crime, do qual também pode ser vítima. Em que pese a vítima de roubo fique traumatizada, por ser tratar de um crime grave, pode resultar ainda em outro crime, que é o latrocínio (roubo com morte). O ideal é não comprar usado, mas se comprar se certifique antes — orienta o coronel Nunes.

Diretora do Departamento de Polícia Metropolitana, a delegada Adriana Regina da Costa acredita que um dos fatores que contribui para a redução é o trabalho de investigação das delegacias das Capital. Cita como exemplo a 5ª Delegacia de Polícia, na Lomba do Pinheiro, na qual foram recuperados neste ano cerca de 50 celulares roubados.

— Investiga-se o trajeto desse celular, após o roubo, identificando o receptador e muitas vezes o autor do fato.  Temos efetuado a prisão preventiva de indivíduos por roubo, o que também pode influenciar nessa redução. Além disso, temos feito operações integradas nas paradas de ônibus. A Polícia Civil tem trabalhado arduamente para coibir os roubos a pedestre, com objetivo de apurar a autoria desses crimes e, na medida do possível, restituir o objeto do roubo — diz a delegada.

Latrocínios em queda

No primeiro semestre, Porto Alegre teve queda de 75% nos assaltos com morte — passou de seis para dois casos. A redução dos assaltos a pedestres é também uma tentativa de diminuir o risco desse tipo de crime. Em setembro do ano passado, uma jovem foi morta durante assalto numa parada de ônibus na Zona Sul. Os criminosos roubaram celulares dos pedestres e atiraram contra o peito de Cristiane da Costa dos Santos, 20 anos. Dois homens e uma mulher foram presos e condenados pelo crime.

— O latrocínio é um crime gravíssimo, que pode ocorrer em decorrência de um roubo a pedestre, como já verificamos em situações anteriores. A população pode auxiliar atendendo as dicas de prevenção e registrando a ocorrência policial, quando os fatos ocorrerem. Com a redução desses crimes, certamente estamos evitando o crime mais grave — orienta a delegada Adriana.

Aos 80 anos, idosa tem celular roubado

Aos 80 anos, uma aposentada retornava de uma consulta médica, por volta das 13h30min, quando foi seguida e abordada por três criminosos no momento em que subia a passarela em direção à Estação Rodoviária de Porto Alegre. Os ladrões exigiram que ela entregasse o celular.

— Falei que tinha deixado em casa. Insistiram e me mandaram abrir a bolsa: “Se não abrir a bolsa, vamos te arrancar”. Peguei, abri, e tirei o celular. Olharam na minha bolsa, viram que tinha R$ 20 e levaram também — recorda a idosa, que preferiu não ser identificada.

A aposentada diz que não costuma carregar o telefone quando sai de casa, mas naquele dia, como tinha consulta médica, poderia precisar se comunicar com familiares. Moradora de Canoas, ela se apressou em voltar para casa, após o assalto, mas não chegou a registrar o caso na polícia.

— Fui até a rodoviária, mas fiquei tão atacada que comprei a passagem e vim embora. Passei numa loja aqui em Canoas e fiz o bloqueio do celular. Até pensei em registrar, mas desisti. Agora ando me cuidando mais — diz a aposentada.

Dicas

  • Não manuseie aparelhos de celular em locais de grande concentração de pessoas. Isso faz com que a própria vítima perca atenção ao seu redor e também desperta a atenção dos bandidos
  • Se precisar utilizar o celular na rua, procure ingressar em algum comércio, como uma loja
  • Evite deixar expostos itens como joias ou relógios, que podem despertar o interesse dos criminosos
  • Cuide para que bolsas e mochilas permaneçam fechadas e no seu campo de visão
  • Evite permanecer sozinho em paradas de ônibus, especialmente à noite
  • Quando estiver caminhando pela rua, fique atento a quem está ao seu redor. Se possível, evite trechos com pouco movimento ou baixa iluminação
  • Se for vítima de roubo, tente manter a calma, e evite reagir. Procure a Brigada Militar ou a Polícia Civil e registre o fato

Fonte: Polícia Civil-RS


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