Violência urbana
Mesmo com redução de 10%, um pedestre foi assaltado a cada 20 minutos no RS em 2022
Estado registrou 26.484 roubos no ano passado, o que representa mais de 72 fatos por dia
A cada 20 minutos, um pedestre é vítima de assalto no Rio Grande do Sul. Foram 26.484 casos registrados no ano passado, o que representa mais de 72 roubos por dia. Apesar de redução em 10,29% com relação a 2021, quando foram anotados 29.523 assaltos a pedestres, este tipo de crime continua contribuindo para a manutenção da atmosfera de insegurança que assola os centros urbanos.
— Está difícil caminhar sem medo pela rua. À noite, evito sair de casa. Sozinha, jamais ando por aí — confirma a dona de casa Cristina Rosa, 50 anos, enquanto se dirige para o terminal de coletivos da Praça Parobé, em Porto Alegre.
Moradora da zona norte da Capital, ela surge no Largo Glênio Peres agarrada com as duas mãos na alça da bolsa de couro na qual carrega pertences como documentos e telefone celular.
— É sempre assim: coloco as duas mãos na bolsa e ainda passo o dedo por aqui — aponta com o olhar, mostrando que o indicador e dedo médio estão colocados pela parte da alça onde a tira de couro é dupla, próximo da fivela de metal.
A estudante universitária de Administração de Recursos Humanos Mariele Oliveira, 23 anos, também narra um sentimento de tensão. Descendo o trecho central da Avenida Borges de Medeiros, conduz sua mochila afixada contra o peito.
— Não dá para deixar para trás, pois mexem, abrem e tentam pegar as nossas coisas. Aconteceu com uma colega minha. Ouvimos esse tipo de história o tempo todo — diz a moradora de Cachoeirinha.
Mapeamento de ocorrências e integração
Conforme o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Douglas da Rosa Soares, a ofensiva que vem reduzindo o indicador deste tipo de delito é composta pelo mapeamento dos fatos e pela ampliação da articulação, tanto entre as forças de segurança pública quanto com outros setores da administração pública.
— O roubo a pedestre é um crime muito preocupante sob a ótica de segurança pública, pois ele começa como um crime patrimonial, mas pode avançar para um atentado contra a vida e a integridade da vítima — descreve.
O coronel explica que a Brigada Militar constituiu um mapa, baseado em ferramenta de georreferenciamento, para marcar as ocorrências em todas as 16 regiões de policiamento ostensivo do Estado.
— A estratégia envolve conhecer locais, horários, formas de atuação de criminosos e constituir planos de ação para evitar os fatos criminosos. Isso envolve abordagens a indivíduos, barreiras com revistas em veículos e presença de efetivo onde é necessário — conta.
O subcomandante-geral diz também que a articulação com prefeituras tem proporcionado a ação contra estabelecimentos que atuam com a fachada de comércio, mas que de forma camuflada agem como esquemas de receptação, principalmente de telefones móveis, joias, relógios e documentos de identificação e crédito.
A investigação desse tipo crime, define a diretora do Departamento de Polícia Metropolitana, delegada Adriana da Costa, depende muito da qualidade da informação gerada a partir dos registros de ocorrências.
— É muito importante termos o máximo de informações no relato das vítimas. Geralmente, o roubo é praticado e repetido por um criminoso, com mesma forma de agir e determinação de locais e horários. Em muitos dos casos, chegamos à prisão dos autores e à recuperação de bens, orientando o trabalho por estas diretrizes — comenta.
A delegada afirma que ações de inteligência, como cruzamento de dados e de perfis de criminosos, algo que tem sido sofisticado dentro da atividade policial, são instrumentos considerados cada vez mais eficientes no enfrentamento a este tipo de crime.