Centro Histórico
Comerciantes da Otávio Rocha, em Porto Alegre, reclamam de furtos
Em toda região foram 41 casos de janeiro a julho de 2023, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido 37, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado
Na última semana, Márcio Mello Espindula, 43 anos, precisou recorrer a grades para reforçar a segurança da banca que mantém na Avenida Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre. Isso depois que ladrões arrancaram o condensador do ar-condicionado e forçaram a cortina metálica, na tentativa de invadir o local. Assim como o comerciante, outros lojistas do entorno reclamam de insegurança. De janeiro a julho, no bairro, houve elevação de 10,8% nesses casos.
Espindula acredita que o furto tenha ocorrido por volta das 2h do último dia 27, um domingo, já que câmeras de segurança próximas dali registraram movimentação suspeita nesse horário.
Proprietário de banca há duas décadas, Espindula afirma que o maior problema se dá aos fins de semana, quando as ruas ficam mais desertas.
— Tive um prejuízo de cerca de R$ 3 mil, porque vou ter que repor o aparelho e instalar grade. A gente fica apreensivo. Quando chegar o fim de semana, como vai ser? — lamenta o comerciante.
Perto dali, Elisiane Maciel, 34 anos, também teve transtornos e prejuízos no fim do ano passado, quando ladrões arrombaram a porta da loja que ela mantém na mesma rua. Dentro do estabelecimento, um dos bandidos avançou em direção ao caixa e levou R$ 1,5 mil armazenados. Depois disso, mesmo de casa, à noite a comerciante passou a monitorar as câmeras da loja, por medo de novo ataque.
— Tem que estar sempre cuidando — diz a proprietária, que precisou fazer reparos na cortina metálica danificada, e instalou novo alarme na loja.
Prejuízos
Em outra banca, na mesma rua revitalizada recentemente, Fernanda Fernandes, 43 anos, também precisou recorrer às grades de ferro para proteger o comércio na última semana. Na madrugada de 24 de agosto, ladrões quebraram o vidro, danificaram a cortina de metal e invadiram o local. De dentro da banca, furtaram produtos, entre eles cerca de 400 isqueiros. A comerciante estima um prejuízo total de cerca de R$ 2,5 mil.
— É uma sensação de impotência — diz Fernanda.
Na madrugada do último dia 27, a mesma em que atacaram o comércio de Espindula, a banca que o filho dela mantém na Vigário José Inácio também foi alvo dos ladrões.
— Lá eles levaram os cadeados. A gente fica de mãos atadas. Acaba ficando à mercê — lamenta a comerciante.
Os comerciantes fizeram registro das ocorrências na Polícia Civil, e aguardam o andamento das investigações.
"Números são baixos", diz comandante da BM na região
Segundo a Brigada Militar, no mês de agosto só foi registrado um caso de furto com arrombamento na Avenida Otávio Rocha. Ao longo do ano, conforme o 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), foram registrados de janeiro a agosto, cinco casos nesta rua. No ano passado, foi somente um registro na via. Já na Vigário José Inácio, segundo a BM, houve um registro em 2022 e outro neste ano.
Sobre a elevação de casos no Centro Histórico, o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Fábio da Silva Schmitt, afirma que, apesar do breve aumento, os números seguem baixos.
— Para a região de centro de uma Capital, são dados baixíssimos.
Schmitt explica que a BM faz policiamento na região ao longo de todo o dia, seja com policiais a pé, com bicicletas, motos e viaturas. A partir das 23h, quando o movimento de pessoas no local diminui, o efetivo também cai. Ainda assim, há guarnições atuando deste horário até as 6h, quando o número de PMs nas ruas volta a aumentar.
— Infelizmente, os indivíduos que praticam esse tipo de crime se aproveitam do fato de que a guarnição precisa se locomover pela região, não fica apenas em um ponto. Já vi, em filmagens, criminosos aguardando a passagem da viatura por determinada rua para depois cometer o arrombamento. Além disso, é um crime que dificilmente leva a prisão dos envolvidos.
O comandante afirma também que, em geral, quem pratica esses atos busca obter objetos que tenham algum valor, para trocar por dinheiro e comprar droga.
— Normalmente, a quantia obtida serve para fazer a manutenção do vício, para manter a dependência.
Schmitt ressalta a importância de fazer o registro de ocorrência junto a polícia, para que as equipes tenham ciência do que ocorre em cada região da cidade.
— É preciso parar com esse raciocínio de que "não vai dar em nada", que não adianta comunicar a polícia. Não só os comerciantes, mas todas as pessoas precisam registrar. É claro que não somos onipresentes, mas quando há o registro podemos entender o que ocorre em cada local e planejar melhor as ações, o policiamento. Nós atuamos em cima do que a população nos traz, e estamos à disposição, seja por telefone, pelas redes sociais e também no batalhão.
Aumento
Nos primeiros sete meses deste ano, houve ligeiro aumento nos casos de furtos, nos quais os criminosos arrombaram os comércios no Centro Histórico. Foram 41 casos de janeiro a julho de 2023, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido 37, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado.
Dos sete meses, em quatro houve aumento, sendo o que teve maior elevação foi abril, quando foram nove furtos desse tipo na região. Dos três meses que apresentaram queda, julho foi o que teve redução mais acentuada – de sete para três casos registrados. Os dados representam somente os registros de furtos com arrombamento dos estabelecimentos, sem incluir os roubos (assaltos) e nem outros furtos.
Consultado, o titular da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, delegado Paulo Cesar Jardim, informou que não tem recebido registros deste tipo de crime recentemente. O delegado alertou que é fundamental que as vítimas registrem efetivamente os fatos para que a Polícia Civil possa atuar em investigações a partir dos dados comunicados em boletins de ocorrência.
Dicas
- Evite expor ou contar dinheiro na frente dos clientes. Isso pode ser um atrativo aos criminosos. Ainda sobre valores, evite manter uma rotina, como ir ao banco sempre no mesmo horário
- Instalar equipamentos de segurança, como câmeras em pontos estratégicos, pode auxiliar a coibir os casos ou ter registro em casos de o assalto ou furto ocorrer. Se tiver câmeras de segurança, ceda as imagens o mais breve possível para os órgãos policiais
- Após o roubo ou furto, registre a ocorrência o mais breve possível e com maior detalhamento que conseguir. A comunicação do fato é importante para a polícia poder investigar o crime e para a BM articular ações preventivas
- Se possível, busque preservar o local do furto ou roubo, que pode permitir a realização de uma perícia, por exemplo, para recolher impressões digitais dos criminosos
Fonte: Polícia Civil-RS
* Colaboraram Bruna Viesseri e Luiz Dibe