Polícia



Crime em Cidreira

Polícia Civil faz operação contra facção para prender suspeitos de chacina com cinco mortos no Litoral Norte

Mortes em sequência aconteceram no último dia 10 de abril, na Rua 22, no bairro Parque dos Pinos. Os alvos, segundo a polícia, são executores e outros participantes dos ataques

30/04/2024 - 10h53min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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No fim da tarde de 10 de abril, criminosos armados desembarcaram de um veículo, renderam as vítimas e atacaram a tiros duas reciclagens em sequência na mesma rua em Cidreira, no litoral gaúcho. Deixaram um saldo de terror, com cinco mortos e dois feridos — houve ainda uma pessoa ameaçada de morte. Uma das reciclagens foi incendiada pelos bandidos, que teriam partido da Região Metropolitana para cometer o crime.

Na manhã desta terça-feira (30), a Polícia Civil realiza a Operação Poseidon, como resposta à chacina ocorrida há três semanas. Entre os alvos estão os suspeitos de terem cometido os crimes em série, e de integrarem uma facção que estaria por trás das execuções. A ofensiva ocorre na Grande Porto Alegre e no Litoral Norte.

São cumpridas nesta manhã quatro prisões preventivas, sendo dois mandados em Porto Alegre e dois em Balneário Pinhal, a cerca de oito quilômetros de Cidreira. Os policiais civis, com apoio da Brigada Militar, também cumprem 16 mandados de busca e apreensão. A maior parte das buscas se dá na Capital, onde os policiais cumprem ordens judiciais em nove locais. Há ainda três mandados em Gravataí e um em Viamão. No Litoral, são dois de busca em Balneário Pinhal e um em Balneário Quintão.

— No mínimo, cinco pessoas participaram deste crime. Eles pegaram um carro, vieram da Região Metropolitana e seguiram até Pinhal. Se hospedaram numa pousada e foram praticar o crime. Roubaram, inclusive, o veículo de uma das vítimas — afirma o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, responsável pela investigação.

Disputa do tráfico

A investigação que resulta na ofensiva desta terça-feira se iniciou logo após o crime. No mesmo dia da chacina, cerca de 70 policiais, entre agentes e delegados, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foram deslocados para Cidreira, para auxiliar no reforço das apurações. A região também recebeu reforços por parte da Brigada Militar.

Ao longo dos últimos 20 dias, uma equipe do DHPP, com 11 agentes e um delegado, permaneceu no Litoral para apoiar as investigações. A apuração apontou que o crime tem como motivação a disputa entre facções. A área de Cidreira na qual aconteceram as mortes seria de domínio de uma facção com berço no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre, que tem atuação em diversos locais do Estado. O ataque teria sido orquestrado por uma coalizão de grupos criminosos, que são rivais desta primeira.

Segundo o diretor do DHPP, delegado Mario Souza, a polícia detectou um envolvimento forte da Capital e Região Metropolitana no ataque. Em razão disso, a investigação prosseguirá também pela equipe da Capital.

— Eles, inclusive, atearam fogo num dos locais depois, para demonstrar a gravidade. Era um recado que o crime organizado queria dar. É uma disputa entre facções. O objetivo deles é atacar pontos rivais, matando e aterrorizando. Agora a intervenção da polícia vem para esclarecer o crime, prender os executores, vamos continuar as buscas pelos mandantes. Vamos seguir essa investigação atrás das lideranças e agindo para que não aconteçam novas agressões entre eles. Foi um crime fora da curva, o único homicídio múltiplo do ano no Estado — diz o delegado.

O crime

Ainda que as disputas para o tráfico de drogas tenham sido a motivação para o crime, segundo a polícia, parte das vítimas só estava nos locais vendendo produtos recicláveis quando os criminosos chegaram. A polícia ainda aguarda os laudos de necropsia para confirmar se todos foram executados a tiros antes de os bandidos atearem fogo na reciclagem. Dezenas de tiros foram disparados nos locais. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Num dos locais, na Rua 22, no bairro Parque dos Pinos, foram encontrados corpos carbonizados e um com marcas de tiros.

Os dois locais atacados ficam na Rua 22, no bairro Parque dos Pinos. Dentro do primeiro, foram encontrados os corpos de Gian Cavalheiro Brisola, 19 anos, e Luiz Alberto Xavier, 68, e Edison Moura Espíndola, 61. O imóvel foi incendiado. Em um ponto próximo, na mesma rua, mais dois homens, Luiz Cláudio Canabarro Santos, 44, e Florindo Pedroso, 66, foram assassinados a tiros. As tentativas de homicídio foram cometidas contra três vítimas de 18, 36 e 54 anos. 

Os bandidos ainda roubaram um Fiat Uno, que pertencia a uma das vítimas. O veículo que foi levado durante o ataque foi localizado na tarde no dia seguinte. O carro foi encontrado pela Brigada Militar após populares estranharem a presença do veículo na beira da praia de Magistério, em Balneário Pinhal. O automóvel passou por perícia, em busca de vestígios dos criminosos. 


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