Polícia



Operação Apotheke

Farmacêutico suspeito de vender drogas e medicamentos sem receita médica é preso em Dois Irmãos

Segundo a polícia, o homem de 31 anos comercializava entorpecentes sintéticos como ecstasy, MD e LSD. A defesa diz que pedirá habeas corpus e que segue avaliando as provas apresentadas

18/06/2024 - 09h44min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Polícia Civil / Divulgação
Polícia Civil localizou um armário cheio de medicamentos, alguns de uso controlado, na farmácia investigada.

A Polícia Civil prendeu preventivamente um farmacêutico de 31 anos por suspeita de tráfico de drogas, associação criminosa e crime contra a saúde pública em Dois Irmãos, no Vale do Sinos. A ação ocorreu na quarta-feira (12), quando o homem chegava em casa.

De acordo com o delegado Felipe Borba, a ofensiva intitulada Operação Apotheke — que significa farmácia em alemão — é fruto de ação realizada no dia 18 de abril. Na ocasião, um massoterapeuta de 52 anos foi preso por prescrever e aplicar medicamentos e substâncias com conteúdo desconhecido em seus clientes.

O delegado diz que durante a prisão do massoterapeuta foram localizados medicamentos de uso controlado, além de ampolas sem identificação. O homem foi autuado por crime contra a saúde pública e crime ambiental, devido ao descarte de seringas de forma irregular. Durante as investigações, Borba observou um ponto em comum entre os relatos de testemunhas.

— Durante os depoimentos, identificamos que havia um padrão de que o massoterapeuta indicava essa farmácia, que se tornou alvo dessa operação. Identificamos que o farmacêutico, dono da farmácia, tinha ciência e cooperava com esse massoterapeuta — relata.

A investigação apurou que bastava chegar no balcão da farmácia e mencionar o nome do massoterapeuta que os medicamentos eram liberados sem receita.

Após comprovar o vínculo entre os investigados, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na farmácia. Até então, a Justiça não havia concedido mandado de prisão contra o dono do estabelecimento, apenas proibiu sua atuação como farmacêutico.

Com o avanço das investigações, o delegado diz que foi possível comprovar que ele continuou comercializando os medicamentos sem prescrição médica, entre os quais havia morfina e codeína, o que já pode configurar tráfico de drogas. A polícia também identificou que o local comercializava drogas sintéticas como ecstasy, MD e LSD. Foi novamente solicitada à Justiça a prisão do homem que, desta vez, foi concedida.

Prisão e apreensões

O homem foi preso na frente de casa quando chegava de carro. Dentro do veículo, a polícia localizou medicamentos, alguns de uso controlado, além de dinheiro em espécie. Também foram apreendidos documentos e celulares. De acordo com o delegado, a investigação apurou que ele teria se deslocado até Novo Hamburgo para entregar remédios.

— Na residência não encontramos nada, mas na farmácia havia um armário repleto de todos os tipos de medicamentos, sendo que ele já tinha uma suspensão determinada pelo juiz.

Além do proprietário, uma balconista também trabalhava na farmácia. Segundo o delegado, não foi comprovado nenhum tipo de vínculo dela com o esquema, pois apenas cumpria as ordens do chefe.

Ela confirmou que havia a orientação de que para algumas pessoas era para efetuar a entrega sem receita e que ela não deveria se preocupar — diz Borba.

Investigação continua

O delegado afirma que as investigações continuarão em busca de outros possíveis envolvidos. Segundo Borba, o foco agora será descobrir de onde vinham os medicamentos e como funcionava a logística. Ele pontua que os remédios podem ser de cargas furtadas, roubadas ou desviadas por um terceiro.

Ele diz também que a polícia analisa receitas médicas que podem ser falsificadas. Além disso, os investigadores monitoram clientes que seguiram utilizando os medicamentos mesmo após a prisão do farmacêutico, para identificar sua procedência.

— É um crime de difícil esclarecimento porque, em princípio, faz parte do interesse tanto de quem vende quanto de quem compra. Em muitos casos, a pessoa acaba promovendo um pagamento superior ao preço de mercado justamente por não precisar de receita — sublinha.

Defesa pedirá habeas corpus

O farmacêutico segue preso preventivamente no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp) aguardando por audiência de custódia. Em nota, o advogado Fábio Fischer, que representa o preso, diz que "a investigação ainda está em uma fase muito inicial e que vem sendo acompanhada pela defesa". 

Segundo ele, a defesa pedirá o habeas corpus ao Tribunal de Justiça do RS. O texto diz ainda que "a avaliação das provas ainda está sendo feita pela defesa técnica, que aguarda a finalização do inquérito policial e a formalização da acusação pelo Ministério Público". 

Confira nota na íntegra:

"Fábio Fischer, advogado do farmacêutico, pontua que a investigação ainda está em uma fase muito inicial e que vem sendo acompanhada pela defesa. O acusado encontra-se preso preventivamente e está à disposição da Justiça.

O advogado ressalta que será impetrado Habeas Corpus em favor do cliente perante o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

A avaliação das provas ainda está sendo feita pela defesa técnica, que aguarda a finalização do inquérito policial e a formalização da acusação pelo Ministério Público.

Trata-se de pessoa muito querida na comunidade e é muito temerário fazer qualquer assertiva neste momento."


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