Feminicídio
Júri de companheiro acusado de matar personal trainer em Montenegro é suspenso; réu está sem defesa
Débora Michels Rodrigues da Silva, 30 anos, teve o corpo abandonado em frente à casa dos pais. Alexsandro Gunsch, 49, de quem ela estava em processo de separação, foi preso pelo crime

O júri de Alexsandro Gunsch, 49 anos, réu pela morte de Débora Michels Rodrigues da Silva, foi suspenso. Ele seria julgado nesta quinta-feira (6), em Montenegro, onde aconteceu o crime.
No começo da sessão, que teve início às 8h desta quinta, a juíza Débora Vissoni anunciou que o réu apresentou um documento por volta das 23h de quarta-feira (5), horário no qual o Judiciário já estava em regime de plantão, no qual revogou os poderes da advogada Daniela Schneider Couto, que lhe defendia até então. Como ele não apresentou nova defesa, o julgamento não pode ser realizado.
— Esse ato é um direito constitucional do réu, mas foi feito após uma decisão dessa magistrada de manter o julgamento hoje (nesta quinta). Peço desculpas, em especial à família da vítima — afirmou a juíza no início da sessão.
— Com isso, como a Constituição assegura que nenhum réu será processado sem estar devidamente representado nos autos, foi necessário o cancelamento do júri no dia de hoje (quinta) — afirmou a magistrada.
Agora, o réu terá 10 dias para indicar se irá constituir um novo advogado ou se pretende ser defendido pela Defensoria Pública. Apenas depois disso será marcada uma nova data para o julgamento. O réu não compareceu à 1ª Vara Criminal da Comarca de Montenegro nesta quinta-feira.
A decisão frustrou a família de Débora, que esperava um desfecho para o caso.
— Só queremos que ele pague pelo crime que cometeu, para que isso não passe impune — disse Alex Rodrigo Michels, 44 anos, irmão de Débora.
Gunsch responde por feminicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele está preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas I.
Relembre o caso
Débora Michels Rodrigues da Silva, 30 anos, foi encontrada morta na manhã do dia 26 de janeiro do ano passado, em frente à casa dos pais. À Polícia Civil, o homem admitiu ter agredido a mulher e ter abandonado o corpo dela na calçada.
Em depoimento, Gunsch disse à polícia que, durante uma discussão, ele e a vítima trocaram agressões. Na sequência, ele teria a segurado pelo pescoço, levantado e arremessou contra um guarda-roupas, momento em que ela teria começado a passar mal.
Depois, ele relata que colocou Débora no carro e, no deslocamento, percebeu que ela estava morta. Gunsch disse ter ficado desesperado com a situação e decidido deixar o corpo em frente à casa da família.
No entendimento do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), no entanto, o crime teria acontecido de outra forma. Para a acusação, ele assassinou Débora de forma premeditada. Após fazer uso de cocaína, por estar irritado pelo término do relacionamento, teria esganado a personal trainer.
Após, conforme o MP, o homem recolheu o corpo dela, colocou em seu carro e abandonou em frente à casa dos pais dela. A morte, conforme certidão de óbito, foi causada por asfixia mecânica. Para o Ministério Público, o motivo torpe se dá em razão do sentimento de posse do réu em relação à vitima.
Dois dias antes de ser encontrada morta, Débora havia feito a vistoria no imóvel onde planejava recomeçar a vida.