Polícia



Frater Malus

Mulher suspeita de planejar morte da mãe e executar irmão em Porto Alegre é alvo de operação 

Crime aconteceu em abril deste ano, no bairro Agronomia, na zona leste da Capital. Doze ordens judiciais são cumpridas nesta terça-feira

27/05/2025 - 10h18min

Atualizada em: 27/05/2025 - 10h18min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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A investigação do assassinato de um adolescente de 17 anos dentro de casa, na zona leste de Porto Alegre, levou a Polícia Civil a descobrir que o crime envolvia mais camadas do que as disputas pelo tráfico de drogas. A irmã dele, de 21 anos, é alvo de operação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta terça-feira (27). 

Segundo a apuração, a mulher havia arquitetado matar a própria mãe e o padrasto, e terminou executando o irmão.

Durante a Operação Frater Malus (irmão mau, em latim), são cumpridos quatro mandados de prisão preventiva,  além de oito de busca e apreensão. Os nomes dos alvos não são divulgados. 

As ordens judiciais são executadas em Viamão, município da Região Metropolitana de onde os criminosos teriam saído para fazer o ataque, e numa casa prisional. 

Até as 6h50min, três pessoas tinham sido presas na operação, que conta com apoio da Brigada Militar. Os detidos são a irmã da vítima, o pai dela e o namorado, que já estava em uma casa prisional. Os nomes deles não foram divulgados. 

Na tarde de 23 de abril deste ano, criminosos invadiram uma moradia no bairro Agronomia, na Capital. O intuito, segundo a polícia, era assassinar uma mulher e seu companheiro. Os dois atiradores seriam integrantes de uma organização criminosa, rival dos alvos.

— Acontece que no momento em que eles chegaram na casa, a mãe e o padrasto da investigada, alvos da execução, não estavam. Quem estava na casa era o irmão dela — detalha o delegado Gabriel Borges, da 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital.

Ao se depararem com o adolescente, os executores consultaram o namorado da irmã, por meio de uma videochamada. De dentro da cadeia, o criminoso ordenou, segundo a investigação da polícia, que o cunhado fosse assassinado e a casa incendiada. De joelhos, o adolescente foi morto com dois disparos de arma de fogo. O nome da vítima não foi divulgado.

— No sentido de eliminar qualquer tipo de prova, eles ainda incendiaram a residência, com o corpo do irmão dela dentro — diz o delegado.

A polícia conseguiu obter imagens que mostram a própria irmã transportando num galão o combustível usado para colocar fogo na moradia. Em outros vídeos, é possível ver o momento em que a casa começa a incendiar.

Trata-se de um crime gravíssimo. A filha planejou a morte da própria mãe e do padrasto, e ainda provocaram um incêndio, colocando outras pessoas em risco.

DELEGADO GABRIEL BORGES

1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital

A filha, que já havia morado na região, foi reconhecida por diversos moradores.

Disputas entre facções

A investigação apurou que a mulher já tinha problemas pessoais antigos com a mãe. No entanto, teria acontecido uma escalada desses conflitos depois que a filha passou a se relacionar com o suspeito de ser o mandante do crime, integrante da facção criminosa de Viamão, enquanto a mãe dela passou a se relacionar com o membro de um grupo rival. Mãe e filha ficaram de lados opostos da disputa do narcotráfico.

— Essa relação familiar conturbada, somada aos relacionamentos amorosos com membros de facções rivais, motivou os delitos — afirma o diretor do DHPP, delegado Mario Souza.

— Esse é um caso bem complexo, tem todo um envolvimento de uma questão familiar. Mas o pano de fundo verdadeiro, em que pese haja esse fundo familiar, são disputas territoriais pela questão do narcotráfico, envolvendo facções rivais. Embora já existisse um conflito familiar anterior entre filha e mãe, existia aqui um ponto muito importante de disputa do tráfico em Viamão e na zona leste de Porto Alegre — complementa Borges.

Os alvos

Para ir até o local da execução e transportar os dois atiradores, a mulher investigada teria contado com o auxílio do pai, que é ex-companheiro da mãe dela. O homem não era pai do adolescente, que é fruto de outro relacionamento. 

Pai e filha estão entre os alvos com mandado de prisão preventiva na operação. Além deles, a polícia cumpriu mandado de prisão contra um dos executores, que teria sido o responsável por atirar no adolescente — o segundo ainda não foi identificado.

O namorado da investigada, que já está preso, na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos, teve novo mandado de prisão cumprido. Ele já possuía antecedentes criminais por roubo, porte ilegal de arma de fogo e posse de entorpecentes, e agora é apontado como mandante do homicídio. 

A mulher investigada possui antecedentes por estelionato. Os outros dois suspeitos envolvidos na execução do homicídio possuem antecedentes criminais por tráfico de entorpecentes, homicídio, roubo e ameaça. 

— A mãe confirmou toda a versão. Ela mencionou que corria risco seríssimo. Atualmente está num local totalmente oculto porque teme pela própria vida. Ela sabe que isso pode acontecer. Optou por se esconder — detalha o delegado Borges.

Colabore

Quem tiver informações que possam colaborar com as investigações pode entrar em contato pelo 0800 642 0121.


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