Em Porto Alegre
Polícia diz que homem preso por esfaquear duas mulheres e fazer criança refém no Centro Histórico afirmou que "faria tudo de novo"
Mulher atingida está internada na UTI e passou por cirurgia. Segunda vítima foi atendida e liberada no sábado, dia do ataque


O homem de 25 anos preso em flagrante por esfaquear duas mulheres e fazer uma menina de 10 anos refém no Centro Histórico, em Porto Alegre, admitiu o crime em depoimento à Polícia Civil. Segundo o delegado Eric Dutra, do Departamento de Homicídios, ele detalhou os motivos da ação e afirmou que “faria tudo de novo”.
O ataque ocorreu pouco depois do meio-dia de sábado (28). Testemunhas relataram que o homem esfaqueou uma mulher de 38 anos, próximo à Praça da Alfândega e, ao perceber que era perseguido, fugiu correndo.
Em seguida, o homem teria invadido uma farmácia, ferido uma segunda mulher, de 28, e feito a criança refém.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a mulher de 28 anos segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Pronto Socorro. Ela passou por cirurgia, perdeu sangue e precisou de transfusão. Seu estado é considerado estável. Já a outra mulher, de 38 anos recebeu alta ainda no sábado.
De acordo com a polícia, o homem disse em depoimento que deu início ao ataque após ouvir a primeira vítima supostamente chamá-lo de "coitado". Por isso, disse que decidiu roubar a bolsa dela e a esfaqueá-la.
Ainda segundo o depoimento, ele manteve ela como refém porque “não queria esfaquear mais ninguém”.
Registro anterior
A Polícia Civil afirma que há registro de ocorrência anterior relacionado ao homem. Em 2023, ele teria usado um pedaço de madeira para atingir na cabeça um idoso que corria no bairro Cristal, na Capital. Na ocasião, chegou a ser baleado por um policial que testemunhou o crime, foi preso, mas acabou solto.
A reportagem procurou o Tribunal de Justiça do RS para verificar o andamento do caso de 2023, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.
Testemunha viu homem armado com faca
Márcia Freitas, subgerente de uma loja ao lado da farmácia onde a criança foi mantida sob ameaça, relatou ter visto o agressor "caminhando rápido" com a faca em mãos.
Segundo ela, um grupo de homens tentava alcançá-lo e impedi-lo de fugir quando ele entrou no estabelecimento.
— O centro estava lotado. Todo mundo queria pegar ele. As viaturas chegaram e interditaram a rua, até para que não linchassem ele. Estava com uma faca enorme, que colocou no pescoço da menina. Nunca vi uma cena assim —relatou Márcia.
Segundo a testemunha, a criança suplicou para não ser ferida.
Viaturas do 9º Batalhão da Brigada Militar chegaram ao local cerca de cinco minutos depois. O comandante, Hermes Volker, explicou que foi necessário usar técnicas de negociação. A rendição ocorreu rapidamente.
— Ele estava próximo ao balcão com a menina e foi recuando. Um policial se aproximou, conversando com ele. À medida que o diálogo avançava, ele se acalmou e acabou soltando a criança. O policial então fez a abordagem, contenção e prisão no local — explicou o oficial.