Porto Alegre
Crime com a marca dos Bala na Cara ainda é misterioso para a polícia
Arrancada de casa, mulher foi morta com seis tiros no rosto na Vila dos Sargentos, Zona Sul da Capital
As quatro crianças, todas com menos de seis anos, choravam e imploravam para que a mãe não fosse levada pelos dois homens fortemente armados, e encapuzados, que invadiram a casa da família, na Vila dos Sargentos, Bairro Serraria, no começo da madrugada de segunda-feira. Eles não tomaram conhecimento. Ao que tudo indica, tinham uma ordem a cumprir.
Teriam arrastado Taís Santos da Silva, 25 anos, até o mirante às margens do Guaíba, na Rua B, e não tiveram piedade. Ela foi morta com pelo menos seis disparos entre o rosto e a cabeça, de espingarda calibre 12 e pistola. O corpo ainda foi empurrado para que caísse na água, como é, segundo a polícia, o macabro costume dos traficantes na Vila dos Sargentos.
Mistério para a polícia
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De acordo com o delegado Adriano Pelúsio, da 4ª DHPP, o caso ainda é misterioso. A única convicção dos investigadores é de que não foi um assassinato por acaso, mas provavelmente encomendado.
- No local, não houve testemunhas dispostas a falar com a polícia, então vamos levantar todas as informações possíveis. Hoje, eu não me arriscaria a determinar uma única hipótese para este caso - diz o delegado.
Taís era conhecida na vila por ser companheira do traficante conhecido como Meço, atualmente preso, respondendo por tráfico, homicídio e formação de quadrilha. Há pelo menos três anos, ele seria um dos expoentes da facção dos Bala na Cara na vila que é um dos principais redutos do grupo criminoso.
Segundo os investigadores, não há indícios de que Taís estivesse envolvida com o tráfico de drogas. Por isso, não é descartada a possibilidade de que o crime possa ser até mesmo passional, e com o envolvimento de aliados do Meço. Testemunhas dizem que o relacionamento entre eles teria acabado recentemente.
Crime com o "padrão" de crueldade
A forma como Taís foi morta segue uma espécie de padrão de crueldade que assombra a Vila dos Sargentos. Em 2011, Zuleica da Silva, 34 anos, foi atacada da mesma forma. Em uma madrugada de abril, diante dos filhos, ela foi arrancada de casa e, encostada a um poste, fuzilada por um grupo de criminosos.
Emboscada fatal
Zuleica sobreviveu com sequelas e se refugiou na Serra. Envolvida com o tráfico de drogas, ela acabou retornando à vila quase um ano depois e caiu em uma emboscada. Foi morta com tiros no rosto na porta de casa.
Neste ano, a polícia ainda investiga o desaparecimento de um casal supostamente envolvido com o tráfico na vila. Informações apuradas pelos investigadores dão conta de que as duas pessoas teriam sido esquartejadas e jogadas no Guaíba. O caso ainda não foi solucionado pela 4ª DHPP.