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Transporte público

Carris foi autuada 496 vezes neste ano por não cumprir os horários de viagens

Empresa de ônibus lidera o ranking dos atrasos, com mais do que o dobro da segunda colocada

11/12/2014 - 08h53min

Atualizada em: 11/12/2014 - 08h53min


Jeniffer Gularte
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Luiz Armando Vaz / Agencia RBS

O descumprimento de viagens da Carris gerou 496 autuações da EPTC entre janeiro e novembro deste ano. O balanço feito pela empresa a pedido da Rádio Gaúcha mostra que, dos quatro consórcios que operam o transporte urbano em Porto Alegre, a companhia é a mais visada, com mais do que o dobro de autuações da segunda colocada. A seguir vêm Unibus (197 autuações), Conorte (189) e STS (180). Só em 2014, o descumprimento do horário resultou em 1.062 autuações em todo sistema.
O excesso de punições é mais um dos reflexos da crise da estatal que já foi referência nacional de qualidade. Nas paradas, os usuários perdem tempo. Cobradores e motoristas sofrem com as críticas dos passageiros.

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Punições são pelos atrasos

Cada multa sai por R$ 368,28. A empresa é notificada da multa e tem prazo para defesa, para então entrar na fase de cobrança. Caso os valores não sejam pagos, a EPTC suspende as inspeções nos veículos, o que os impede de saírem das garagens.
Segundo o presidente da EPTC, Vanderlei Capelari, esta é a única forma de punir a empresa pelo excesso de atrasos. Se levados em conta os quatro consórcios que operam o transporte urbano, a média de cumprimento da tabela oficial de horários gira entre 92% e 96%. Já a média da Carris está em 87%.
De acordo com Capelari, há um acompanhamento sistemático da infraestrutura de operação da empresa.

Relato de um sistema em crise

"Todos sabem que para as 7h30min de sábado, no T11, é preciso um veículo articulado, porque o intervalo entre os horários é grande. No sábado, me deram um ônibus pequeno e eu falei que seria insuficiente. Disseram que era para eu ir com aquele e fazer o que desse.
Já cheguei na Parada São Jorge, na Avenida Bento Gonçalves, atrasado e com o ônibus superlotado. Não cabia mais ninguém, mas mesmo assim eu parei. Fiquei parado mais de dez minutos. Comecei a ouvir muitas ofensas pessoais. Segui viagem e não parei para pegar mais ninguém. Tremia de nervosismo, não tinha mais condições de trabalhar.

Há um mês, fui agredido na mesma linha por causa de atraso. Uma moça me empurrou para fora do ônibus."
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Conselho quer explicações

O Conselho Municipal de Transporte Urbano (Contu) vai pedir providências e explicações que justifiquem a crise da Carris. O documento deve ser enviado na próxima semana à Carris, à prefeitura e à EPTC, responsável pela regulação do serviço, que terão 15 dias para apresentar resposta.
O presidente do Contu, Jaires Maciel, informa que a inspeção realizada pelo conselho na semana passada constatou que a manutenção da frota e os problemas com pessoal são os principais entraves enfrentados pela empresa.
As indicações do conselho sugerem que as peças sejam compradas com antecedência, com base em previsões da média histórica de problemas mecânicos.

Vagas abertas

A Carris abre hoje inscrições para contratação emergencial. São 46 vagas para motorista, duas para borracheiro, 14 para agente de manutenção 2 - mecânica automotiva (mecânico) e duas para agente de manutenção 3 - elétrica veicular (eletricista veicular).

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