Polícia



Caso Cristiane

Marido usou nome de esposa desaparecida para estelionato

Rodrigo Velloso de Freitas abriu contas e até ativou cartões de crédito em nome da esposa

12/02/2015 - 07h04min

Atualizada em: 12/02/2015 - 07h04min


Carlos Macedo / Especial
Rodrigo Velloso de Freitas e Cristiane Oliveira de Oliveira, desaparecida há três anos

Enquanto aguarda os resultados periciais que devem comprovar que o corpo encontrado enterrado na Zona Sul de Porto Alegre, no final do mês passado, é de Cristiane Oliveira de Oliveira, desaparecida há mais de três anos, a polícia procura elucidar o crime. E, nessa quarta-feira, a delegada Jeiselaure Rocha divulgou uma informação que compromete bastante o marido de Cristiane, Rodrigo Velloso de Freitas, 35 anos: dois meses depois do desaparecimento, ainda em 2011, aproveitando-se da condição de gerente de uma agência bancária, ele abriu contas e até ativou cartões de crédito em nome da esposa - familiares dela chegaram até mesmo a receber cartões adicionais pelo correio. Quebras de sigilos revelaram ainda que Rodrigo também teria recebido valores do INSS que deveriam ser pagos a Cristiane, que estava em licença saúde quando desapareceu.

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De acordo com a delegada, Rodrigo admitiu o estelionato, que teria durado ao menos até 2013. Porém, negou qualquer participação no provável assassinato da mulher. Até a noite de ontem, ele prestava depoimento na 5ª DHPP - a delegada comandou uma acareação com a irmã dele, ambos incluídos na lista de suspeitos pelo crime.
No final de janeiro _ dois dias depois do encontro do corpo -, foi preso Audrei Rodrigo Dutra Silveira, o Novinho, 24 anos, que trabalhava como pedreiro na casa da família, em construção no Bairro Lageado, quando Cristiane desapareceu. Novinho estava foragido por outro crime. Ouvido na delegacia, ele negou participação no crime. A lista de suspeitos da polícia inclui ainda mais um nome, não divulgado pela delegada.

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O inquérito teve tudo para, ainda em janeiro, ser remetido à Justiça mostrando a ausência de materialidade que comprovasse a morte de Cristiane e a ausência de provas sobre qual teria sido seu destino. Rodrigo seria indiciado apenas por estelionato. Mas, no dia 27, enquanto pedreiros escavavam um terreno no Bairro Lageado, no limite com a casa em construção de Cristiane e Rodrigo, tudo mudou. Os pedreiros encontraram um corpo, cujas roupas foram reconhecidas pela família como sendo as que Cristiane usava quando desapareceu. Exames de DNA devem ficar prontos dentro de três semanas para comprovar se o cadáver é da desaparecida.
A reportagem do Diário Gaúcho procurou Rodrigo ontem, mas ele não retornou as ligações.

Família ameaçada

Desde o encontro do corpo, os dias dos familiares de Cristiane têm sido tensos. A polícia investiga ameaças feitas por mensagens, vindas de um celular desconhecido.
- A mãe registrou ocorrência dando conta que estão sendo ameaças, caso sigam buscando pelo autor do assassinato de Cristiane - disse a delegada Jeiselaure.
Segundo a polícia, Rodrigo impediu a família de Cristiane de ter contato com a filha do casal, de dez anos. A denúncia também é apurada pela 5ª DHPP.


Caso Cristiane:
Em 27 de outubro de 2011, Cristiane Oliveira de Oliveira, então com 32 anos, sumiu depois de supostamente sair da obra da sua casa, no Bairro Lageado, para buscar a filha na escola, no Bairro Restinga.

No dia 27 de janeiro desse ano, depois de mais de três anos de buscas, que incluíram até mesmo o uso de mergulhadores, escavações e cães farejadores, o corpo que seria de Cristiane foi encontrado por acaso, quando pedreiros do terreno vizinho ao local onde a casa da família era construída construíam um muro.

A roupa, a mochila e os pertences de Cristiane foram reconhecidos pelos familiares.


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