Sem diversão
Vandalismo ameaça banho em piscinas públicas de Porto Alegre
Centro de Comunidade Vila Elizabeth fechou por dois dias nesta semana devido a invasões ocorridas no período da noite
Pelo segundo dia consecutivo, o vandalismo impediu que as cerca de 400 pessoas que frequentam diariamente as duas piscinas comunitárias do Centro de Comunidade Vila Elizabeth (Cecove), no Bairro Sarandi, pudessem aproveitá-las.
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Nas noites de segunda-feira e de terça-feira desta semana, invasores ingressaram na área sem permissão.
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Ontem, duas barras de ferro do portão de entrada foram arrancadas pelos vândalos, cercas tiveram as barras forçadas e pelo menos 50 pessoas teriam entrado no local depois das 18h - horário de fechamento dos portões. Os relatos ficaram registrados no livro da segurança, como a situação de uma mulher com duas crianças que, depois de ameaçar o guarda, ingressou no local junto com os vândalos.
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As marcas da invasão ficaram ao redor das piscinas. Preservativos, cigarros e garrafas de uísque e de energético foram deixadas no terreno depois da algazarra. Segundo moradores próximos, que pediram para não serem identificados por medo de represálias, a folia ilegal terminou depois das 3h.
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Abertas em 5 de janeiro, as piscinas do Cecove começaram a apresentar problemas cinco dias depois, na primeira invasão.
- Eles (invasores) sujam a água, que fica impossibilitada de ser usada por crianças e idosos durante o dia. Estou trabalhando, na verdade, para quem não merece - lamentou o professor Julio Cesar Gonçalves, responsável pelo Cecove.
"Joguei a toalha"
No ano passado, a população do Sarandi já tinha deixado de aproveitar a temporada por um problema hidráulico causado pelo vandalismo. Foi Julio quem descobriu que a causa do entupimento da piscina dos adultos era uma garrafa pet enfiada na tubulação. Para reabrir as piscinas em 2016, a equipe do professor uniu-se na reforma. Juntos, pintaram os bancos, os muros e as piscinas. Agora, porém, o grupo está desmotivado.
- Chegamos a idealizar que, com tudo limpo, não haveria vandalismo. Infelizmente, ocorreu o contrário. Há uma cultura da desordem. Estou com medo de continuar. É melhor esvaziarmos as piscinas antes que ocorra uma tragédia numa noite destas. Fico com pena de quem esperou o ano todo para aproveitar e será prejudicado por uma meia dúzia de desordeiros. Joguei a toalha - desabafou Julio.
Na tarde de ontem, a previsão era de que a piscina fosse reaberta hoje. Porém, tudo dependeria do que ocorresse durante a noite.
Gasto de R$ 300 mil mensais
Indignado com a situação do Cecove, o gerente-geral da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME), Roberto Wagner, pretende reunir-se ainda nesta semana com representantes da prefeitura para discutir a possibilidade de fechamento do Centro.
O mesmo poderá ocorrer no Centro de Comunidade George Black (Cegeb), no Bairro Medianeira, onde ladrões amassaram a cerca instalada sobre os muros e furtaram um micro-ondas, na semana passada, fechando o espaço por meio turno. Há, também, a ideia de acionar a Secretaria da Segurança Pública para pedir mais policiamento.
Roberto calcula que serão destinados pelo menos R$ 300 mil mensais com pequenas reformas, reposição de material furtado e segurança noturna dos centros.
- São regiões conflagradas pela violência. Para piorar, até os piscineiros foram ameaçados de morte por usuários no Cegeb. Nos sentimos de mãos atadas - desabafa Roberto.
Na tentativa de conter a violência, todas as piscinas são cercadas e muradas.
No período da noite, há um segurança desarmado em cada Centro. A explicação da Secretaria para eles não usarem armas seria uma medida de proteção, pois poderiam ser assaltados pelos próprios vândalos.
Centro fechado
Das sete piscinas comunitárias, apenas o Centro de Comunidade Vila Ingá (Cevi), no Passo das Pedras, não foi aberto em 2016. O motivo estaria na falta de segurança para lidar com 68 famílias vindas da ocupação Vila da Mata que estão alojadas num prédio da prefeitura ao lado da área da piscina.
A decisão de não abrir o Centro partiu do vice-prefeito Sebastião Melo, que prefere manter o local fechado a arriscar a segurança dos moradores. Pela quantidade de pessoas, cerca de 200, vivendo temporariamente no local, ele teme que os monitores não consigam dar conta de todos os usuários da piscina.