Em Porto Alegre
Citando "encoxadores", projeto prevê que mulheres tenham direito a assentos preferenciais em ônibus
Proposta de vereador reserva todos os assentos a mulheres, gestantes, idosos, obesos, pessoas com deficiência ou limitação de locomoção
Foi protocolado nesta semana na Câmara de Vereadores um projeto de lei que, além de tornar preferenciais todos os assentos dos ônibus de Porto Alegre, também prevê a inclusão de mulheres no grupo que tem prioridade para viajar sentado.
– Há relatos de mulheres sendo maltratadas, especialmente em horário de pico, por homens sem escrúpulos, os chamados "encoxadores". A ideia é garantir respeito às mulheres – justifica o vereador Paulo Brum (PTB), autor do projeto.
Se for aprovado o PLL 051/16, que altera a lei dos assentos exclusivos no transporte coletivo, o grupo especial passará a ser composto também por usuárias e por pessoas com limitação temporária de locomoção, além de idosos, gestantes, obesos e pessoas com deficiência, que hoje já têm preferência em parte dos assentos assegurada por lei.
O projeto defende que não há mais assentos exclusivos suficientes nos ônibus urbanos e que as pessoas dos grupos especiais muitas vezes acabam sendo transportadas em pé. Ainda mais do que "ressuscitar o bom cavalheirismo", o objetivo de Brum é incentivar o respeito também a idosos, obesos, gestantes e pessoas com deficiência física. Segundo o vereador, não haverá um meio de fiscalizar a medida e o município não teria condições para a execução de uma lei punitiva, portanto a proposta trabalha a conscientização dos usuários.
– Trata-se de criar a cultura do bom senso – diz.
O projeto de lei não prevê a substituição de bancos ou a pintura dos mesmos: determina apenas que as empresas deverão fixar a determinação em lugar visível dentro dos veículos. Não há data para a votação, mas o vereador estima que deva ocorrer dentro de três meses.
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A proposta recém entrou em tramitação na Câmara, mas promete gerar diferentes opiniões – até mesmo entre as mulheres. Telia Negrão, cientista politica e coordenadora do Coletivo Feminino Plural, avalia:
– A gente tem hoje uma legislação que protege as mulheres gestantes, que é um estado em que as mulheres precisam ser mais cuidadas, e também as pessoas idosas e com deficiência. As mulheres não precisam desse tipo de proteção, que nos coloca até em condição de inferioridade.
Contra abusos nos ônibus, Telia defende campanhas educativas e destaca a necessidade de investimentos em qualidade e segurança no transporte público.
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre (Comdepa), Rotechild Prestes vê com bons olhos a extensão da prioridade a pessoas com dificuldades temporárias de locomoção e também às mulheres. Quando questionado sobre a possibilidade de deficientes físicos perderem a prioridade com a inclusão das mulheres no grupo preferencial, ele diz que o bom senso deve prevalecer:
– Eu acredito na educação.
Secretária geral do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Tânia Feijó afirma que a proposta ainda não foi discutida pelo conselho, portanto o órgão não vai se posicionar.