Para a professora Daniela Santana Cezar de Mattos, 48 anos, o sentimento ao visitar o túmulo do pai, morto em 2020, é de tristeza. Moradora do bairro Capão da Cruz, em Sapucaia do Sul, ela conta que a sepultura fica no Cemitério Municipal Pio XII, no bairro Lomba da Palmeira. E reclama das condições do local: 

– Meu pai está enterrado em uma parte nova, inaugurada durante a pandemia. Só que o primeiro problema é que o portão que dá acesso ao local fica cadeado. No Dia dos Pais, quando eu e minha mãe estivemos lá, não conseguimos entrar. Tive que escalar um barranco por outro lado para chegar (ao túmulo). 

A mãe de Daniela, aos 82 anos, por outro lado, não pôde acompanhar a filha. Desde então, a idosa não consegue ver a sepultura do falecido marido e prestar as homenagens que deseja. Outro ponto crítico, levantado pela professora, são as condições de conservação do local. O assunto já foi tema de manifestações de outros leitores do Diário Gaúcho. Ela destaca, no entanto, o que percebe nas áreas que costuma visitar:   

– É um espaço pequeno, que, teoricamente, seria fácil de manter limpo, mas não. Normalmente, tem vários tipos de lixo. Móveis, entulhos de obras e outras coisas são depositadas ali.

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Daniela ressalta ainda que o acúmulo de resíduos é mais notável nesta parte em específico. Isso porque o restante do cemitério, ao menos em datas comemorativas, tem uma manutenção visivelmente mais eficiente, diz ela. 

Taxa

Insatisfeita com a preservação realizada pela prefeitura, Daniela cita a taxa que é paga ao município para conservação do cemitério. Ela diz que não vê, na prática, resultado dos pagamentos. 

– A impressão é de que ninguém vai lá (fazer manutenção). Ficam restos de flores, coroas, tudo jogado pelo chão. Antes, nós levávamos nossas coisas e limpávamos – cita, frisando que, com o portão atualmente cadeado, isso não é mais possível. 

Além disso, a professora comenta que já reclamou junto à ouvidoria do município, a um vereador e até mesmo nas redes sociais. Em nenhuma das vezes, porém, obteve resultados. 

– Meu pai era extremamente caprichoso e, agora, está no meio da sujeira. Sempre que chego lá, eu me desculpo com ele por isso – lamenta. 

O que diz a prefeitura

Em resposta enviada à reportagem, a prefeitura de Sapucaia do Sul diz que o Cemitério Municipal Pio XII funciona das 7h às 17h, inclusive em feriados, e acrescenta: "o acesso ao cemitério Pio XII é feito pela capela municipal, situada na Rua Nestor de Moraes, no bairro Lomba da Palmeira". 

Informa ainda que o local recebe manutenção mensal e deverá passar por "uma grande ação de limpeza" no dia 15 de outubro.

*Produção: Guilherme Jacques