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Eu Sou do Samba

Relação entre o Arroio Dilúvio e o Carnaval de Porto Alegre é tema de exposição

Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as sextas-feiras

21/06/2024 - 11h40min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Eduardo Beleske / Prefeitura Municipal de Porto Alegre/Divulgação
Mostra na PUCRS aborda a memória e as tradições do córrego.

A coluna chega hoje com uma dica para quem gosta de conhecer mais sobre a história da nossa Capital e suas raízes culturais. É a exposição Corredor do Samba de Porto Alegre: o Arroio Dilúvio e a Negritude Gaúcha, que foi inaugurada nesta quinta-feira (20) no saguão da biblioteca central da PUCRS. O objetivo é abordar a memória do córrego e resgatar as experiências de comunidades que possuem relações históricas com as águas.

Responsável pela curadoria, a professora e pesquisadora de culturas afro-gaúcha Sátira Machado se inspirou no poeta gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009) — conhecido nacionalmente como idealizador do Dia da Consciência Negra e que buscava mostrar a forte presença da cultura africana em Porto Alegre — para montar a exposição.

— Eu sigo os passos de Oliveira! Em 2007, lançamos juntos o Portal da Negritude Gaúcha, que foi o embrião das minhas pesquisas na área. A ideia do Corredor do Samba de Porto Alegre surgiu de uma inquietação: os futuros projetos de urbanização da Avenida Ipiranga incluem as culturas negras, ou a reconstrução dá continuidade aos planos de dispersão de afrodescendentes para as periferias? Precisamos revisitar as memórias para garantir a tão sonhada igualdade — destaca.

A exposição é fruto da parceria com o publicitário Michel Couto — fundador da Formô Hub, agência focada em inovação e empreendedorismo nas periferias — e da empreendedora e carnavalesca Helena Fernandes – coordenadora do Carnaval Descentralizado da Capital. Um “time de guardiões das memórias do Carnaval gaúcho”, como define Sátira. A realização é do Instituto de Cultura da PUCRS.

Alexandre Rodrigues / Agência RBS
Helena (E), Sátira e Michel.

Entenda a exposição

A exposição Corredor do Samba de Porto Alegre está dividida em “paradas”, com banners, fotos — muitas delas da Revista do Globo —, roupas e adereços que contam a história do samba na Capital. Confira algumas dessas “paradas”.

/// Inicia na Rua Vigário José Inácio, antiga sede da Arquiconfraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Porto Alegre, fazendo alusão à umbigada (movimento da dança) negra, que é a mãe do samba gaúcho.

/// Desce a Avenida Borges de Medeiros, relembrando desfiles de Carnaval, até chegar na esquina da Avenida Ipiranga e encontrar o Quilombo do Areal da Baronesa, onde viveu o primeiro Rei Momo negro de Porto Alegre, Lelé (Adão Alves de Oliveira, 1925-2013).

/// A próxima parada é a Ilhota, do sambista Lupicínio Rodrigues (1914-1974) e do jogador de futebol Tesourinha (1921-1979), do bloco carnavalesco Os Tesouras. E segue para a Ponte da Azenha, para encontrar os foliões da Cabo Rocha.

Acervo do Delfos / PUCRS,Divulgação
A umbigada é a mãe do samba gaúcho.

/// Na parada da Rua Santana, é relembrada a criação das escolas de samba Bambas da Orgia e Praiana no bairro. Já na altura da Avenida Lucas de Oliveira, ainda está o grupo Afro-Sul Odomode, oriundo da já extinta escola de samba Garotos da Orgia.

/// O trevo da Rua Cristiano Fischer remete aos dois morros: o da Bom Jesus, onde está a escola de samba Copacabana, e o Morro da Cruz, onde resiste Os Comanches, última tribo carnavalesca ainda existente.

/// Na parada da Avenida Ipiranga com a Rua São Luís, é lembrado o plano de dispersão que levou sambistas do entorno do Arroio Dilúvio a criarem escolas de samba em outros locais, como a Estado Maior da Restinga, por exemplo.

/// Voltando para a esquina da Rua Lima e Silva, é exaltado o jogador de futebol gaúcho Breno Mello (1931-2008), que foi convidado para estrelar o filme Orfeu do Carnaval (1959).

/// Nas imediações da esquina da Getúlio, ficava a quadra da extinta escola de samba Beija Flor de Porto Alegre. Ali, hoje, abriga o Centro de Referência do Negro (CRN), mas também já foi sede da Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars) – desmembrada para as atuais União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (Uecgapa) e União das Escolas de Samba de Porto Alegre (Uespa).

/// Na foz do Arroio Dilúvio na Orla do Guaíba, é feito um gancho com os Festejos Farroupilhas e o vanerão (sambado), sob influência dos lundus africanos.

/// Por outro lado, de volta ao começo, são pedidas as bênçãos dos Orixás para o Corredor do Samba de Porto Alegre, evocando Nossa Senhora dos Navegantes e o 2 de fevereiro – Dia de Iemanjá.  

Te programa!

/// Quando: visitação de segunda a sexta-feira, das 7h35min às 22h35min; sábados, das 9h às 14h40min. Até 29 de julho.
/// Onde: térreo da biblioteca da PUCRS (Avenida Ipiranga, 6681) – prédio 16.
/// Quanto: entrada gratuita.


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