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Papo Reto 

Manoel Soares: "O Batman" 

Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados 

06/07/2024 - 07h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Kelly Fuzaro / Globo,Divulgação
Colunista faz uma metáfora da vida com as histórias dos heróis.

Tem horas que a vida está tão puxada, que temos vontade de chamar o Batman para nos salvar. Mas na moral, vamos analisar esses heróis que desejamos? O Batman, por exemplo, é um cara milionário que, após a morte dos pais, é criado por um mordomo sarcástico e mal-humorado. Será que em Gotham não tinha um conselho tutelar para aquele menino fazer uma terapia? Pois bem, depois de sofrer com um luto mal curado, ele encontra a paz se vestido de morcego e saindo para caçar bandidos – fazer terapia seria bem mais barato. 

Fora que a consequência é que gente desequilibrada atrai gente desequilibrada. Depois que o Batman começou a pular de prédio em prédio, todo tipo de bandido esquisito começou a aparecer em Gotham, desde um que jurava que era um pinguim até o mais perigoso, que era uma espécie de palhaço macabro – que, por sinal, era mais legal que o Batman, tanto que ganhou um filme só dele. Mas a verdade é que, desde que o Batman chegou, a polícia ficou mais escorada, pois, toda vez que o bicho pegava, jogavam o sinal no céu para que o herói viesse resolver. 

Na vida real, há os heróis que ficam socorrendo a família e amigos a toda hora. Impedem que essas pessoas se resolvam. Elas têm o número de seus salvadores como um telefone de emergência, acionado a qualquer bobagem. Assim como não podemos querer o Batman em nossa vida o tempo todo, não podemos entrar numa de ser o herói de alguém. Até porque, assim como o Batman, nossa mania de herói às vezes esconde traumas que queremos curar resolvendo a vida dos outros. Minha dica é: se ajuda primeiro e depois ajuda os outros.


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