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Fora dos trilhos

Novos trens da Trensurb voltam a ser retirados de operação por problemas de fabricação

Seis veículos apresentam falhas de nivelamento e trinca no suporte da biela

26/12/2019 - 18h25min


Jeniffer Gularte
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Isadora Neumann / Agência RBS

Nove dos quinze trens da Trensurb comprados em 2014 estão novamente fora de operação. Seis veículos voltaram a apresentar falhas de fabricação, como problema de nivelamento e trinca no suporte da biela. Ambos são problemas no truque do trem, plataforma sobre a qual a carroceria é assentada. A informação, apurada pela reportagem, foi confirmada pela Trensurb.

Segundo a empresa, dois trens já estão indisponíveis há cerca de um mês. São os primeiros problemas estruturais dos veículos da Série 200 surgidos depois deles voltaram a operar em sua totalidade, em março de 2019 – por três anos, parte da frota ficou fora de circulação em razão de problemas graves de infiltração de água nos rolamentos.

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— Qualquer problema no truque do trem é um problema grave. E que não deveriam estar acontecendo com veículos que não têm nem dez anos de uso. São componentes que estão durando muito menos que o previsto — afirma um experiente profissional da manutenção da Trensurb, que prefere não se identificar.

As falhas identificadas agora são cobertas pela garantia e estão sendo solucionadas pelo Consórcio FrotaPoa, formado pelas empresas Alstom e CAF. Em nota, a Trensurb informou que espera que "esses seis trens voltem a operar a partir do fim de janeiro e ao longo do mês de fevereiro".

A trinca no suporte da biela é uma imperfeição do veículo que, até então, ainda não havia sido identificado pelos técnicos da Trensurb. Por outro lado, falhas de nivelamento não são um problema novo nos veículos fornecidos pelo Consórcio FrotaPoa. Esse foi um dos 20 problemas identificados nos novos trens em relatórios elaborados pela própria Trensurb e que foram revelados pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI) em reportagem publicada em maio de 2018.

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Os outros três trens fora de operação estão em manutenção: dois estão na oficina para reparos corretivos e um para manutenção preventiva, que é um procedimento padrão realizado a cada 300 mil quilômetros rodados, quando são feitas revisões e trocas de óleo e válvulas. Segundo a Trensurb, ações preventivas em toda a nova frota ocorrem regularmente para assegurar que os problemas que retiraram os trens de circulação não provoquem transtornos novamente.

Comprados por R$ 244 milhões, a frota entrou em operação a partir de setembro de 2014. Os truques foram feitos na Espanha pela CAF e as carrocerias, montadas na fábrica da Alstom em São Paulo. Desde que chegaram a Porto Alegre, os veículos ficaram fora de circulação em pelo menos duas oportunidades.

A primeira vez foi em abril de 2015 quando um dos veículos, o carro 234, descarrilou entre as Estações Farrapos e São Pedro, enquanto fazia uma viagem sem passageiros. O carro 234 ficou um ano e sete meses fora de operação – os demais retornaram 41 dias após o incidente. Em abril de 2016, problemas de infiltração de água nos rolamentos de alguns dos novos trens fizeram que a frota fosse retirada de operação pela segunda vez. Os veículos só voltaram a funcionar em sua totalidade em março de 2019.


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