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Sonho

Jovem de Porto Alegre faz vaquinha para comprar seu próprio instrumento musical 

Giovani Leal, aluno da Escola de Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), quer ter uma viola clássica para fazer a carreira decolar

07/02/2023 - 05h00min

Atualizada em: 07/02/2023 - 12h43min


André Ávila / Agencia RBS
Giovani usa uma viola emprestada de um amigo

O jovem Giovani Leal, 22 anos, morador do Centro Histórico, na Capital, carrega consigo uma bagagem repleta de experiências e sonhos. Estudante da Escola de Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), ele conclui seu bacharelado em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em setembro deste ano. Atualmente, Giovani usa uma viola clássica – seu instrumento musical preferido – emprestada do amigo e colega da Ospa, Álvaro Aguirre. 

No entanto, para continuação dos seus estudos e para prosseguir com a carreira, ele necessita de um instrumento próprio e de nível profissional. O valor estimado é de R$ 20 mil e para comprá-lo, o músico fez vaquinha online e conta com a solidariedade por meio de doações. 

A campanha, aberta no fim do ano passado na plataforma Apoia.se, arrecadou, até o momento, cerca de 5% do valor desejado. De acordo com Giovani, a ideia da iniciativa partiu do seu professor Cosmas Grieneisen, com quem ele iniciou os estudos em 2014 e tem aulas até hoje. 

– Eu sei que o apoio à cultura e ao ensino em nosso país é muito precário, mas não vi ônus em abrir a vaquinha. Não tenho vergonha de contar a minha história e dizer que preciso de ajuda financeira, porque, na verdade, eu não estaria aqui sem toda ajuda que já ganhei. Existe uma comunidade muito carinhosa e unida que me trouxe até onde estou – comenta o jovem.

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Com uma rotina extremamente ligada à música, Giovani defende o uso de uma viola própria e de nível profissional por querer, principalmente, investir na sua formação:

– O instrumento emprestado que uso me serviu muito, mas também tem suas limitações. Indiretamente, terei uma melhor qualidade em meu trabalho, o que implica nos muitos recitais e nas apresentações que faço.

No próximo ano, Giovani quer investir em um mestrado nos Estados Unidos. Ele conta que, recentemente, teve uma aula experimental com um professor da Texas Tech University, mas, claro, ainda precisa fazer as aplicações para conquistar uma vaga que é disputada em uma das universidades do Exterior. 

André Ávila / Agencia RBS
A música sempre fez parte da vida de Giovani

 "Minha vida gira em torno da música", diz Giovani 

Desde muito cedo, Giovani esteve inserido no meio da música, quase como se já estivesse em seu DNA. Seu pai, Moisés Oliveira Pereira, é cantor e levava Giovani para acompanhar seus ensaios e suas apresentações. O jovem comenta que, na infância, quando era questionado sobre qual profissão gostaria de seguir, sempre tinha a convicta resposta: “quero ser músico”. 

Moisés lembra, com orgulho, que aconselhou o filho a seguir uma carreira na música clássica e foi ele quem sugeriu ao menino que estudasse na Escola de Música da Ospa:

– Durante todos os anos que estudou na Ospa, lhe acompanhei incansavelmente e, com certeza, faria tudo de novo.

Ele completa, destacando a admiração pela iniciativa do filho com a vaquinha virtual:

– A campanha que o Giovani está fazendo é de muito valor, pois a causa é nobre e dará exemplo para que muitos jovens de hoje sigam esse caminho de dedicação e valorização à arte e à música.

Experiência

Estudante da Escola de Música da Ospa desde 2014 e estudante de Música na UFRGS há quatro anos, o jovem obteve aprovação em diversos festivais pelo Estado. Dentre tantos que participou, ele destaca a importância do Festival Internacional Sesc de Música, em Pelotas, no início de 2020:

– Foi de grande importância no meu desenvolvimento como músico, pois foi um dos primeiros festivais que participei, tive aulas com grandes professores, prática de orquestra e saí de lá com muito ânimo para estudar.

Giovani considera que, após isso, teve grande evolução como músico no período da pandemia, morando com o pai:

– Tinha o privilégio do tempo. Estudei muito nesse período de forma a ter um grande salto técnico e musical. Não sei se teria a mesma disposição diante desse momento tão trágico pelo qual passamos se não fosse o festival de Pelotas, meses antes.

Questionado sobre os sonhos que possui na indústria musical, o jovem responde com alegria:

– Eu quero fazer minha música com qualidade e com pessoas que me façam evoluir, tendo o reconhecimento dessa atividade e emocionando ouvintes. Não me importo muito onde exatamente estarei, apenas sei de como quero estar.

Como ajudar

/// Para doar na vaquinha, clique aqui

Produção: Leonardo Bender

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