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Gravataí

É muito amor: estudantes fazem manifestação para professor permanecer em escola

Alunos de escola municipal de Gravataí fizeram cartazes para que professor não deixasse a instituição. Manifestação de afeto deu certo, e profissional seguirá dando aulas lá

25/08/2015 - 07h09min

Atualizada em: 25/08/2015 - 07h09min


Félix Zucco / Agencia RBS
Se é o desejo de todos, diga ao povo que Marcelo fica

Em meio a um cenário de recentes notícias de violências em escolas, o vínculo de amizade criado entre um professor e estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Goulart, em Gravataí, chama atenção pela cumplicidade e afeto. Uma manifestação realizada na manhã de ontem sensibilizou quem passava pelo local.

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Ao serem informados, na quinta-feira da semana passada, de que o professor de Educação Física Marcelo Sutil da Rocha, 25 anos, deixaria a instituição por conta de um remanejo de profissionais pela prefeitura - temporário, ele daria lugar a uma concursada, que acabou indo para outra escola -, centenas de estudantes se organizaram para protestar pedindo a permanência do educador.

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Protesto deu certo - Fotos: Félix Zucco

O agito deu certo e, no início da tarde de ontem, a direção recebeu a notícia da Secretaria de Educação de Gravataí de que, devido ao estreito relacionamento com os alunos e projetos iniciados na escola, o professor iria seguir lá. A determinação foi recebida com aplausos. Marcelo diz que não há alegria maior para um profissional do que o reconhecimento.

- Se eu já era motivado, agora, volto cinco vezes mais - diz o educador, que retorna às aulas no João Goulart na quinta-feira.

Desde fevereiro contratado para quatro turmas da Escola João Goulart, que tem cerca de 740 alunos, Marcelo despertou o interesse dos jovens em aprender.

Na luta

O aluno Nicolas Vasconcelos da Silva, 15 anos, relembra que todos ficaram em choque ao saber que o professor deixaria as salas de aula para entrada de outra profissional:

- Decidimos lutar para que ele ficasse!

Projetos de educação

Além de incentivar os alunos, Marcelo deu início a projetos educacionais que integram professores, pais e alunos. Ele criou o time de vôlei da instituição, inscreveu a escola no Festival Coca-Cola, para engajar os alunos em torno dos Jogos Olímpicos de 2016, e proporcionou uma saída sem custo para o Palavra da Vida, um acampamento em Gravataí.

Ana Paula Scheid Machado, 14 anos, aluna do oitavo ano, defende a maneira como o professor leciona.

- Ele propôs um método de ensino único, com bastante dinâmica. Era disso que estávamos precisando - destaca a aluna.

 
Isadora (E) foi com a mãe pedir a permanência do mestre

Até mesmo os pais se envolveram na ação. A empresária Marlene Benites, 43 anos, mãe da Isadora, 13 anos, disse que, em casa, a filha fala muito do profissional.

- Eu achei sensacional essa valorização do professor. Viemos apoiar para que ele fique na escola _ disse Marlene.

"Nunca desista"

Emocionado ao saber do envolvimento dos alunos para que permanecesse na escola, Marcelo afirma que a amizade é recíproca.

- Até o terceiro ano do ensino médio, eu queria ser engenheiro. Foi neste último ano e nas aulas de vôlei que conheci um professor que fez eu querer me tornar como ele. Este mestre me ensinou algo que hoje repasso aos meus alunos: acredite em você e nunca desista dos seus sonhos. É nele que me inspiro para dar as aulas - comenta o professor.

Marcelo destaca que pensa no futuro da gurizada:

- Quero que meus alunos saiam do colégio sabendo que serão alguém!


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