Seu problema é nosso
Aposentado sofre com falta de sondas uretrais, em Sapucaia do Sul
Quando a prefeitura não faz a entrega, a família do idoso compra os materiais em farmácias, o que prejudica o orçamento familiar
Há mais de dois anos, o servidor público aposentado Valdir Quevedo Mello, 76 anos, morador de Sapucaia do Sul, passou por uma cirurgia na próstata. A partir daí, precisa usar sondas uretrais, luvas e xilocaína (pomada anestésica) para conseguir urinar — material que geralmente é fornecido pela prefeitura da cidade onde mora.
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Porém, há um mês, os produtos estão em falta. Em março, sua esposa, a costureira e dona de casa Iolanda Moreira Melo, 73 anos, não conseguiu fazer a retirada dos materiais, pois não estavam disponíveis.
Em abril, Iolanda entrou em contato com a secretaria e recebeu a mesma notícia: os produtos não estão em estoque no almoxarifado da Secretaria de Saúde. E não há previsão de chegada.
— É muito complicado, a gente continua deixando de comprar algo para comer para poder comprar os materiais que a prefeitura deveria nos dar — lamenta Iolanda.
Quando a prefeitura não faz a entrega, a família compra os materiais em farmácias, o que prejudica o orçamento familiar. O filho de Valdir e Iolanda tenta auxiliá-los para conseguir o valor, mas nem sempre é possível.
— Minha filha e minha nora estão desempregadas, por isso, precisamos muito que a entrega seja regularizada — diz Valdir.
Ele usa em torno de três caixas de sondas uretrais por mês. Cada uma delas tem o valor aproximado de R$ 60. Já a xilocaína custa cerca de R$ 20, e são necessárias quatro unidades.
Para fazer o manuseio dos materiais, é preciso usar luvas cirúrgicas – sendo preciso três caixas por mês. Cada uma delas tem um custo de cerca de R$ 15. Ou seja, em um mês sem receber os produtos, Valdir gasta R$ 305 para adquiri-los. Quando não tem recursos para isso, ele busca a emergência de um hospital para realizar o procedimento.
Segunda vez
A história se repete. Em outubro de 2017, o Diário Gaúcho contou pela primeira vez o drama do aposentado, que passou quatro meses sem a entrega do material. Na época, após a publicação da reportagem, Valdir voltou a receber os produtos.
Prefeitura diz que não há previsão
Em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul, a reportagem foi informada de que a empresa responsável pelo repasse dos itens de saúde foi interditada pela Receita Federal. Agora, a secretaria está realizando uma compra emergencial dos produtos com verba que chegou do Ministério da Saúde.
Apesar disso, a comunicação social da prefeitura não soube informar uma data de chegada dos materiais. Até a finalização da reportagem, a prefeitura não se manifestou sobre o que os pacientes nesta situação devem fazer.
*Produção: Eduarda Endler