Seu problema é nosso
Falta de medicamento no Hospital Conceição, em Porto Alegre, prejudica paciente do Interior
Desde março, quando passou por uma raspagem na bexiga, o agricultor Marcos Leppa, de Tapes, está com dificuldade para conseguir o remédio Imuno BCG no hospital
Desde abril de 2016, o agricultor Marcos Fernandes Leppa, 54 anos, de Tapes, vem sofrendo com as consequências de um tumor na bexiga. Agora, ele enfrenta mais uma dificuldade: o tratamento pelo qual precisa passar não está disponível.
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Em 5 de março de 2018, Marcos passou pela sua mais recente cirurgia no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), na Capital, em que fez uma raspagem na bexiga. No mesmo dia, foi orientado a fazer, por um ano, todas as semanas, a vacina Imuno BCG, que é injetada na bexiga e feita em centro cirúrgico.
O objetivo do tratamento é reduzir o risco de recorrência em pacientes com alguns tipos de tumores. Com esperança em uma melhora de saúde, Marcos deparou com a falta da vacina.
Medo
Esposa de Marcos, a agricultora Alvanira Leppa, 53 anos, busca por soluções:
— Já estamos quase em junho, e ele ainda não fez nenhuma vacina. Era para ter começado no final de março. Eu ligo para o hospital, ligo para Secretaria Estadual de Saúde, mas só me dizem que não há previsão para o recebimento da vacina. Estamos preocupados, o tempo está passando, e nada. Enquanto isso, meu marido fica nesta angústia.
Além do marido, Alvanira teme também por outras pessoas que estão aguardando pela chegada da vacina. Sem a continuidade do tratamento, Marcos tem deixado cada vez mais de lado o seu trabalho no campo.
Atualmente, o maior plantio é o de cebola, que poderá ser colhida em outubro. Milho também é plantado, para o trato dos animais. Para a família, uma horta caseira. Antes, Marcos e a esposa cultivavam alimentos para a merenda escolar do município.
— Desde que operei pela primeira vez, em 2016, sinto dores, parecem fisgadas.
Sem tomar nenhum medicamento contínuo para o problema de saúde, Marcos apenas usa analgésicos para controlar a dor.
Conceição está no aguardo pela vacina
O gerente de Internação do HNSC, José Jobim Fossari, esclareceu que o tratamento com a vacina BCG é uma imunoterapia auxiliar a ser usada em casos de câncer superficial de bexiga.
A Imuno BCG é fabricada exclusivamente pela Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) que, após notificação da Vigilância Sanitária, precisou interromper sua produção para adequações. Em nota, a FAP garante ter liberado a comercialização da vacina em meados de maio, mas o Conceição diz que ainda não a recebeu.
A previsão informada pela Fundação ao almoxarifado do hospital é de que a vacina chegará na segunda semana de junho. O gerente do HNSC ressaltou que "o desabastecimento acarretou prejuízo ao tratamento dos pacientes de todo o Brasil".
O HNSC afirma que está monitorando o caso, e os pacientes seguem sendo acompanhados no ambulatório.
*Produção: Eduarda Endler