Seu problema é nosso
Para conseguir custear intercâmbio, estudante de Pelotas faz rifa e vende quitutes; saiba como ajudar
Maria Eduarda Grimaldi quer ir a Portugal estudar a relação da gastronomia de comunidades pesqueiras do país com uma colônia de pescadores da sua cidade, no Sul do Estado
– Eu quero!
Essa foi a reação da estudante de Hotelaria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Maria Eduarda Grimaldi, a Duda, 20 anos, ao ouvir um professor falando sobre a possibilidade de fazer um intercâmbio. Na época, não se imaginava nessa situação.
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Agora, com a proposta de intercâmbio concretizada no projeto "Memórias Gastronômicas da Pesca: Narrativa de Ortiga, Mação, Portugal e da Colônia Z3, Pelotas, Brasil", o desafio da estudante é arrecadar verba para rumar a Portugal, na cidade de Mação, Vila de Ortiga — que ela ainda não tem.
"Pés no chão"
O projeto investigará a memória social da gastronomia de base pesqueira, com análise dos cardápios, como as receitas são feitas e de onde elas surgiram, interligando esses conhecimentos com os da Colônia de Pescadores Z3, que fica em Pelotas. Duda precisará bancar a hospedagem e a alimentação em Portugal, além de comprar a passagem:
— Minha mãe fala pra eu colocar os pés no chão, diz que a gente não tem o dinheiro. Mas eu não desisto.
Coordenador do projeto, o professor Michel Constantino Figueira explica que o objetivo é compreender a relação do homem com a natureza, a cultura, o patrimônio e a memória social:
— A gente quer entender como foram criados os principais cardápios nos restaurantes dessa cidade para fazer um estudo comparativo com a Colônia Z3.
Segundo o professor, a ideia é contribuir com o resgate das tradições que podem estar em desaparecimento, trazendo para Pelotas o que será visto em Portugal e analisando, com as cozinheiras locais, quais são os cardápios criados, quem passou para quem e sua história. Duda relembra a felicidade de ter se encontrado na Hotelaria:
— Fiz um ano de Teatro, mas não era o meu curso. Tentei Jornalismo e não consegui. Minha segunda opção era Hotelaria. Entrei no curso, me apaixonei e nunca mais falei em Jornalismo.
Rifa e vaquinha para alcançar objetivos
Como Duda estuda nos turnos da tarde e da noite, tem dificuldade em conseguir estágio apenas de manhã. Por isso, a estudante começou a se aventurar na cozinha — onde já existia uma antiga paixão.
Doces, bolos, esfirras, brownies e tortas frias se tornaram a esperança da jovem para obter os valores que precisa. Ela vende os quitutes na faculdade e os faz por encomenda.
— As pessoas adoram, consigo vender tudo — conta.
Além dos doces, a estudante está preparando um brechó para esta semana.
— Eu já deveria ter comprado as passagens. Quase caí dura quando vi o valor, custa quase R$ 5 mil — desabafa.
Para juntar esse valor, Duda também fez uma vaquinha online. Até a manhã desta segunda (11), apenas R$ 600 haviam sido arrecadados. Outra fonte de renda da jovem é uma rifa que vende na cidade, com o prêmio de uma cesta de café da manhã.
Como ajudar a Duda
— Contribua na vaquinha online.
— Encomende doces pela página no Facebook Doce Doçura.
— Caso queira contribuir de outra forma, entre em contato pelo Facebook de Maria Eduarda ou por telefone: (53) 98452-3930.
*Produção: Eduarda Endler