Seu problema é nosso
Em Porto Alegre, paciente aguarda há 11 meses por consulta com ortopedista
E segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), não é possível estabelecer um prazo para o atendimento, pois o caso não é considerado prioridade
Com gemidos de sofrimento, a dona de casa Mara Beatriz Jutos, 58 anos, atende o telefone e relata que está com muita dor. Sua rotina de vida tem sido assim, entre a cama e o sofá. Há seis anos, ela sofre as consequências de um problema de saúde no joelho esquerdo.
Leia mais
Homem busca ajuda para cirurgia que ameniza sofrimento do mal de Parkinson
Após um ano esperando, paciente consegue realizar consultas no Hospital da Ulbra
Idoso aguarda em casa chamada por consulta que pode demorar até quatro meses
Em 2015, a dona de casa passou por uma raspagem do osso no Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital. Depois, teve o menisco rompido. Agora, aguarda há 11 meses por uma consulta com médico ortopedista que possa resolver sua situação.
Caminho
— Sempre estou com dor, 24 horas por dia. Na maior parte do dia, passo deitada — relata.
Atividades normais do dia a dia, como lavar louça e cozinhar, são difíceis para Mara:
— Eu deixo de fazer tudo, não consigo.
Há 11 meses, ela foi à UBS Santo Agostinho, no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre. Lá, o clínico geral explicou que ela precisaria consultar com um médico ortopedista, especialidade que cuida de doenças e deformidades relacionadas à locomoção do paciente, como ossos, músculos, ligamentos e articulações.
No caso de Mara, ela teve o rompimento do menisco, cartilagem presente na articulação tibiofemoral, na região do joelho. Enquanto aguarda pela consulta com especialista, a dona de casa é refém dos analgésicos:
— Eu tomo paracetamol para aliviar a dor, mas não ajuda realmente. Eu tomo quatro comprimidos por dia, não tenho como ficar sem o medicamento, não aguento de dor.
Esperar pela consulta não é a única preocupação de Mara, que também tem medo das consequências do grande consumo de remédio para dor.
— Sabe-se lá o que pode acontecer, é tanta coisa que tomo, tenho receio que me dê outro problema.
SMS diz que caso não é prioridade
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde ( SMS) explicou que o atendimento de Mara para a especialidade ortopedia e joelho foi classificada como prioridade 3 (amarela).
Conforme a SMS, isso "lhe confere status de classificação intermediária, que não é prioritária". A pasta ainda diz que a solicitação foi incluída no sistema em 29 de janeiro. De acordo com a secretaria, como as filas de espera são classificadas de acordo com os critérios de classificação de risco — que variam de 1 a 5 —, os agendamentos respeitam esta classificação. Por ser uma prioridade 3, o atendimento de Mara ainda não tem previsão de ocorrer.
A SMS informou que as filas de espera, assim como o tempo médio de espera para marcação das consultas, podem ser acompanhadas no site da pasta, neste link: bit.ly/2JOkDKi.
*Produção: Eduarda Endler