Seu problema é nosso
Cadeirante encontra dificuldades para circular pelo bairro onde mora, em Porto Alegre
Morador do Lami há três anos, aposentado por invalidez, Igor Saldanha precisa lidar com os constantes alagamentos e o lamaçal que se forma a cada chuva que atinge a cidade
O cadeirante Igor Felipe Lessa Saldanha, 28 anos, não sabe mais a quem recorrer diante dos problemas que enfrenta para circular pelo Acesso F da Estrada Otaviano José Pinto. Morador do bairro Lami, em Porto Alegre, há três anos, aposentado por invalidez, ele precisa lidar com os constantes alagamentos e o lamaçal que se forma a cada chuva. Seu meio de locomoção, a cadeira de rodas, costuma não resistir:
Leia mais
Morador de Alvorada aguarda há dois anos por cirurgia para retirada de pedras nos rins
Entenda por que o INSS está demorando para liberar aposentadorias no RS
Mães organizam mutirão para fazer limpeza em escola na zona norte de Porto Alegre
— Nos últimos três anos, troquei três vezes de cadeira. Andar por aqui é pedir para estragar, mas não tenho como passar por outro local.
Entre elas, havia, inclusive, uma cadeira de rodas motorizada. Porém, a água e o barro logo afetaram o funcionamento da máquina, que acabou estragando, para a decepção de Igor. Agora, ele usa uma cadeira comum, que movimenta com a força dos braços.
O rapaz crê que a razão pela qual ocorrem alagamentos na rua onde mora é a falta de uma rede pluvial para escoar a água da chuva.
Sem vazão
Igor explica que os moradores chegaram a fazer valetas nos extremos da pista para dar vazão à água. Porém, em alguns pontos, obstruções interrompem o fluxo e geram pontos de retenção da água.
— Por ser uma região mais baixa, demora muitos dias até secar. Aí, fica um barral, complica muito a circulação de todos que moram aqui na região — relata o cadeirante.
A sensação de abandono é recorrente para o morador da Estrada Otaviano José Pinto. A falta de ações do poder público incomoda há bastante tempo.
— Um morador até tentou tomar a frente, representar o bairro e tentar pedir auxílio da prefeitura. Ele nunca foi atendido, acabou desistindo e se mudando aqui do bairro — explica Igor.
Obras ainda estão em fase de projeto
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) informou ter conhecimento dos problemas na região. Segundo a pasta, no local, se faz necessária "a implantação de infraestrutura adequada com redes de drenagem e pavimentação". Porém, os serviços dependem de verbas e de projetos específicos. Por enquanto, as obras estão em fase de desenvolvimento dos projetos.
A Smim informou ainda que não há falta de patrolamento na região e que já existe um novo contrato em andamento, com a realização rotineira de serviços. A pasta explicou que o patrolamento não pôde ser realizado no local citado na reportagem porque depende "de limpeza e desobstrução de valos para escoar a água que se acumula na pista". A Smim argumentou que este serviço é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb).
Por sua vez, a SMSUrb explicou que o contrato atual de dragagens, necessário para a limpeza de valas existentes na Capital, está sendo finalizado com foco na limpeza do Arroio Dilúvio, ao longo da Avenida Ipiranga.
Segundo a pasta, um novo contrato, previsto para ser licitado no último trimestre de 2018, contemplará locais com necessidade de limpeza. Entretanto, não foi especificada uma previsão para que a Estrada Otaviano José Pinto seja atendida.
A SMSUrb alerta que "diversas residências da região canalizaram as valas com canos de diâmetro inferior ao necessário para o local, potencializando os alagamentos".
*Produção: Alberi Neto