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Seu problema é nosso

Com braço quebrado, moradora de São Leopoldo espera consulta há quatro meses

Moradora do bairro Campina, Rosane sofreu um tombo dentro de casa, o que lhe causou uma fratura no úmero. Desde então, convive com a dor e a espera por um procedimento cirúrgico

23/10/2018 - 09h33min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Rosane (E), está há todo este tempo com braço quebrado, como mostra o raio X (D)

Em junho, Rosane Leal, 37 anos, moradora do bairro Campina, em São Leopoldo, sofreu um tombo, dentro de casa, que lhe causou uma fratura no úmero — osso do braço. Ela trabalhava como vendedora e viu sua rotina modificada por completo devido ao acidente. Desde então, tem que conviver com a dor e a espera por um procedimento cirúrgico. 

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Segundo Rosane, após passar pela emergência do Hospital Centenário, em sua cidade, na Região Metropolitana de Porto Alegre, ela foi encaminhada para o Centro Médico Capilé, também em São Leopoldo. Lá, foi informada de que não havia médicos para fazer sua cirurgia, afirma Rosane. 

Então, a leitora relata que procurou a Secretaria Municipal de Saúde (Semsad), mas não obteve resposta. Rosane lida com a situação como pode: se medicando e contando com uma tala para imobilização do braço. 

— Eles (a Semsad) não se posicionam. Nem para me encaminhar para fazer a cirurgia em outro hospital. Sendo que era para ser feito no dia que quebrei o braço, mas negligenciaram meu atendimento. Desde então, não consegui mais nenhum acompanhamento médico. Só colocaram uma tala que está caindo, de tão frouxa — relata Rosane.

Em agosto, foi concedido benefício de auxílio-doença devido à impossibilidade de a vendedora seguir sua rotina de trabalho normalmente. Ela decidiu, então, ir a uma clínica particular, que oferece consultas com médicos clínicos gerais por preços populares, para verificar o estado de seu braço. No médico particular, ela obteve um atestado no qual consta a necessidade de urgência de sua cirurgia. 

Processo 

Sem amparo da Semsad, a vendedora buscou respostas na Justiça, com o auxílio da Defensoria Pública. Rosane conseguiu um orçamento do procedimento cirúrgico junto à rede privada, e então entrou com uma ação judicial contra o Estado do Rio Grande do Sul. Os valores do procedimento em uma clínica particular chegariam em até R$ 22,5 mil entre cirurgia, acomodações e anestesias. 

— Até me ligaram perguntando se tinha como eu fazer mais orçamentos, mas não tenho, é caro para consultar particular e não tenho dinheiro — conta a leitora. 

Em 13 de setembro, uma liminar expedida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ- RS) decidiu que o governo do Estado deveria conceder o direito de Rosane ser operada em até 72 horas. O prazo judicial venceu cinco dias após a ordem, e Rosane segue aguardando ser chamada.

Com data, apenas a consulta: novembro 

A Secretaria Estadual de Saúde informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que estava ciente da decisão judicial. Explicou, porém, que Rosane não possuía cadastro na Central Estadual de Regulação de Consultas Especializadas, sendo responsabilidade da Semsad encaminhar o cadastramento. 

No entanto, na manhã de ontem, a Semsad comunicou à reportagem que, desde agosto, "a prefeitura de São Leopoldo conta novamente com serviço de traumatologia", e que Rosane deverá realizar o atendimento pelo município. Esse comunicado garantiu que a Semsad entrou em contato com todos os pacientes da especialidade que estavam aguardando. 

Rosane informou, no início da tarde de ontem, que recebeu uma ligação da Semsad pela manhã, na qual foi chamada para consulta com ortopedista em 6 de novembro. O atendimento será no Hospital de Clínicas, na Capital, direcionado pelo município de São Leopoldo. 

A Semsad também informou que a leitora deve procurar o setor de Regulação (Avenida Dom João Becker, 754, 4 º andar do Centro Administrativo), levando sua documentação, para ter acesso ao encaminhamento. 

*Produção: Ásafe Bueno 

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