Seu Problema é Nosso
Depois de matéria no Diário Gaúcho, estudante da UFRGS consegue comprar triciclo para frequentar aulas
Vanessa Gomes, 28 anos, sofre com a pouca oferta de ônibus adaptados para cadeirantes, bem como o baixo número de rampas disponíveis nas calçadas
O transporte da estudante de Publicidade e Propaganda Vanessa Gomes, 28 anos, vai ficar mais facilitado — e rápido — no percurso entre sua casa, em Alvorada, e seu campus na UFRGS, em Porto Alegre. Após matéria publicada no Diário Gaúcho em 8 de outubro, a universitária, que é cadeirante, conseguiu atingir os valores necessários para comprar um triciclo elétrico e fazer o trajeto até a faculdade.
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— Nunca mais vou precisar de ônibus ou chegar atrasada — afirma Vanessa, bem humorada.
Na terça-feira passada, em uma loja de Novo Hamburgo, junto ao namorado, Douglas Motta, 18 anos, Vanessa comprou o veículo.
Acessibilidade
Quando a história da estudante foi divulgada no jornal, a vaquinha online já havia arrecadado R$ 3,7 mil, e ela precisava de R$ 12,5 mil. Segundo Vanessa, um dia após a publicação, os valores chegaram a quase R$ 8 mil. Para ir e voltar da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, no bairro Santana, na Capital, ela precisa de até seis ônibus diários saindo de sua casa, no bairro Formoza, em Alvorada.
Além da dificuldade de locomoção, Vanessa também sofre com a pouca oferta de ônibus adaptados para cadeirantes, bem como o baixo número de rampas disponíveis nas calçadas. Em Porto Alegre, segundo o Censo 2010 do IBGE, apenas 23% das calçadas de domicílios de áreas urbanas contavam com rampas. Com os dias de chuva, a situação piorava.
Devido a estes problemas, Vanessa foi obrigada a desistir de disciplinas da faculdade logo no primeiro semestre de estudo, neste ano. Mas, agora, ela espera que esses entraves fiquem no passado.
Autorização
— Dei umas voltas na quadra aqui de casa, cheguei até a sete quilômetros por hora — brinca a estudante, após falar dos primeiros contatos com o triciclo motorizado.
Os valores obtidos ultrapassaram a meta inicial que ela havia estipulado. O objetivo de R$ 12,5 mil foi completado em 26 de outubro, chegando a R$ 13 mil após essa data, com 125 contribuições.
No entanto, para poder circular com ele pelas ruas, segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), Vanessa deverá obter uma Autorização para Condução de Ciclomotor (ACC), um tipo de habilitação própria para o triciclo.
Produção: Ásafe Bueno