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Seu Problema é Nosso

Mesmo após reportagem, idosa continua aguardando cirurgia desde 2014 para tratar braço quebrado

Luzia Saldanha Teixeira, 64 anos, fraturou o úmero em 8 de outubro de 2014 e, até hoje, não passou por cirurgia

15/11/2018 - 09h00min

Atualizada em: 15/11/2018 - 12h23min


Carlos Macedo / Agencia RBS
Luzia mostra os exames já realizados em todos os anos de espera

— Eles só me empurram.

Decepcionada por não ter a resolução do seu problema de saúde, a secretária aposentada Luzia Saldanha Teixeira, 64 anos, luta mais uma vez para conseguir fazer a cirurgia que resolva a sua dor. Ele fraturou o úmero direito — osso que articula com a escápula, no ombro — em 8 de outubro de 2014 e, até hoje, não passou por cirurgia. 

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No dia 31 de agosto, o Diário Gaúcho contou a história da idosa, cuja fratura aconteceu quando tropeçou no meio-fio da calçada e caiu sobre o braço. Depois de realizar novamente os exames e as consultas com médicos clínico-geral e especialista em traumatologia, ela aguarda em casa, sem poder realizar simples tarefas — como lavar louça.

No mesmo dia em que foi publicada a reportagem, Luzia teve a consulta com avaliação clínica no Hospital Universitário (HU) da Ulbra. Em 5 de setembro, passou por consulta com o profissional responsável pelo seu tratamento, que requereu exames de sangue, urina, eletrocardiograma, raios-X do braço e do tórax. Entretanto, até hoje, 71 dias depois, nada mais aconteceu.

Arquivo Pessoal / Leitor DG
Raio X do úmero direito, realizado no dia 5 de outubro de 2017

Histórico

Segundo a moradora de Gravataí, os exames devem ser refeitos a cada quatro meses — esta é a rotina de espera no hospital:

— Eu consulto com clínico, depois especialista, faço os exames e espero. Se se passarem quatro meses, sei que vou ter que fazer tudo de novo, pois os médicos já não aceitam os exames anteriores para a cirurgia. É um gasto enorme para a Saúde e um cansaço para mim.

A idosa ainda lembra que os profissionais recomendam que ela ligue para o hospital, caso dois meses se passem e ainda não tenha havido um retorno.

— Nunca me chamam. De novo, foram dois meses, e nada. 

Caminho

Até chegar em Canoas, Luzia passou por consultas na sua cidade, Gravataí. Devido à demora da Secretaria Municipal de Saúde da sua cidade em chamá-la para cirurgia, pediu que um advogado cuidasse do seu caso. Na Justiça, seu caso foi tratado como "não urgente". O argumento para isso é de que o laudo não menciona motivos para que o procedimento cirúrgico seja feito de forma emergencial. Depois de consulta no Hospital João Dom Becker, foi encaminhada para HU.

Hospital afirma que fará contato com Luzia

O Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP), responsável pelo HU, afirmou que em setembro deste ano, Luzia realizou exames e passou por avaliação médica, quando foi orientada a retornar em um prazo de oito semanas — caso não fosse chamada antes deste período para realização do procedimento cirúrgico. 

O hospital prometeu entrar em contato com a idosa "em breve" para passar por uma consulta de avaliação antes da cirurgia. Apesar de questionado, o GAMP não respondeu sobre a validade dos exames e o motivo de Luzia estar aguardando pelo procedimento desde 2014.

De acordo com a prefeitura de Gravataí, Luzia desenvolveu pseudo artrose da fratura, segundo médico especialista do Hospital Dom João Becker. Por esse motivo, o caso é considerado de alta complexidade. A administração municipal afirmou que a resposta mais recente que o HU forneceu, neste mês, foi de que "recomenda nova passagem da paciente por consulta com seus profissionais com a finalidade de resolver a questão, já tendo confirmado o diagnóstico dos demais profissionais".

Produção: Eduarda Endler



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