Seu Problema é Nosso
Entenda como você pode ajudar uma orquestra a mudar o futuro de crianças de Porto Alegre
Orquestra Pequena Casa da Criança precisa de apoio para pagar os três professores de música, a manutenção dos instrumentos e também os quatro ônibus que levam os alunos para as apresentações
Desde o início de 2018, crianças que moram no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre, são beneficiadas com a Orquestra Pequena Casa da Criança. O projeto, intitulado "Semeando música, construindo paz e cidadania", atende 133 crianças. Trinta delas participam da orquestra, tocando flauta, violoncelo, viola e percussão, entre outros instrumentos. Após inscrever a ideia da orquestra no Criança Esperança, em 2017, a coordenadora de projetos Catarina Machado obteve o financiamento.
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— Depois de três anos tentando, em agosto do ano passado, recebemos o comunicado: "Vocês estão no Criança Esperança". E, assim, executamos o projeto este ano — conta a coordenadora.
Agora, a instituição precisa de recursos para continuar com a orquestra, uma vez que o financiamento da campanha nacional se encerraria dia 31 de dezembro deste ano, depois postergada para dia 31 de maio de 2019. Para Catarina, o projeto é muito mais do que melodias e instrumentos musicais, mas, sim, uma forma de trazer um objetivo na vida dos pequenos:
— O projeto precisa continuar, porque a música mudou o mundo das crianças.
Para seguir, a Orquestra Pequena Casa da Criança precisa de apoio para pagar os três professores de música, a manutenção dos instrumentos e também os quatro ônibus que levam os alunos para as apresentações. Em um ano, o projeto precisa de R$ 83 mil, um custo de R$ 6.916 por mês.
"Os alunos se transformam"
Nas aulas da orquestra, as melodias vão desde clássicas até funk. Para Thalita da Cruz, 20 anos, que atua há 10 meses como professora de música, e Eriadny Borba, 23 anos, presente com as turmas há três anos, as aulas são muito mais do que canções. São uma forma de educação e responsabilidade.
— Os alunos se transformam depois que colocam os pés aqui. Eles mudam o comportamento e até mesmo o jeito de falar. Sempre ressaltamos que eles precisam de postura para subir no palco, de cuidado com os instrumentos. Eles têm um choque no começo, devido às regras, mas passam a amar — conta a professora Eriadny.
Além das crianças moradoras do Partenon, há alunos dos bairros Santo Antônio, Ceffer e Alameda. Os ensaios acontecem nas manhãs e nas tardes, durante toda a semana, com sete turmas.
"Por eles, ensaiariam o dia todo"
Antes de iniciar o projeto da orquestra, as aulas de flauta já existiam. Em 2016, a Pequena Casa da Criança ganhou patrocínio do Instituto Walmart, com 10 meses contemplados, nomeado "Cultura da paz através da música". A turma pequena, de apenas 24 alunos, formou 17 flautistas. Quando o período do projeto se encerrou, um parceiro surgiu e adotou a turma de flautistas, possibilitando que outras crianças começassem a tocar o instrumento.
— Uma empresa que já nos ajudava com as aulas de judô começou a acompanhar o projeto de flauta e apadrinhou a continuidade. As aulas só continuarem por ele, que deu mais flautas e ampliou as turmas. Coisas assim acontecem por causa de pessoas com coração grande — salienta Catarina.
Assim, os flautistas se juntaram com novos músicos e formaram uma grande turma. Para a professora Thalita, a dedicação das crianças é visível:
— Muitos deles não passaram pelas aulas de flauta e aprenderam outros instrumentos muito rápido. Por eles, ensaiariam o dia todo, são bons, tocam muito bem. Pisar no palco para eles é uma coisa maravilhosa e emocionante.
Sonhos em comum
Entre os alunos, a expectativa para o futuro é comum: eles desejam continuar no mundo da música. O estudante do terceiro ano do Ensino Fundamental Hendryus Caliel, 12 anos, está no projeto desde o início, em 2016. Primeiro, começou tocando flauta doce, hoje sabe viola e flauta contralto.
— Eu gosto de tocar pois a música transforma a vida, e transformou a minha. Minha mãe sempre tocou muitos instrumentos quando nova, e eu tentei seguir nas mesmas coisas que ela. Ela é muito guerreira, para me criar sozinha. Ela é meu exemplo — conta Hendryus.
No futuro, ele deseja ser professor de música e cozinheiro. Assim como Hendryus, o estudante do quarto ano Lucas Peres, 12 anos, pretende ser professor de música. No dia 12, o aluno irá se formar em flauta, instrumento que toca.
A estudante do quinto ano Isabelle Selbach, 10 anos, toca viola e percussão na orquestra, participando desde fevereiro. Para ela, o futuro é a música:
— Minha família me apoia e ama isso aqui. Eles dizem que vou conseguir tudo o que eu quiser e irão me ajudar no que eu precisar.
Gastronomia, Direito e Música
As gêmeas Keylla da Silva Correa e Kettlyn da Silva Correa, 15 anos, tocam flauta na orquestra há três anos. Keylla, estudante do nono ano, que deseja ser empresária e chef de cozinha no futuro, fica nervosa nas apresentações:
— Acelera o coração, mas a gente sabe que vai dar tudo certo. Ao mesmo tempo, é emocionante, fazer o que a gente gosta não tem preço.
Para a irmã, Kettlyn, que também toca violoncelo, o futuro permanecerá com música, além da faculdade de Direito.
— Isso aqui me fez muito feliz e continua fazendo, eu cresci muito, mudei muito — relata a estudante do oitavo ano.
Breve história da Pequena Casa
Fundada em 15 de agosto de 1956, pela Irmã Nely Capuzzo, da Congregação Missionárias de Jesus Crucificado, a Pequena Casa da Criança já passou por muitas fases. Desde 2002, a instituição é dirigida pela Irmã Pierina Lorenzoni:
— A Irmã Nely começou isso aqui embaixo de uma árvore. Depois, uma casinha. E assim foi crescendo e se transformou no lugar em que estamos. E ainda queremos aumentar, para poder atender ainda mais a comunidade.
A irmã é a única religiosa ainda na Casa:
— Cheguei aqui por sinais, acredito que Deus tenha me colocado aqui, e vim com muita alegria.
Para a instituição continuar atendendo 600 pessoas diariamente, há uma diretoria voluntária, conselho fiscal, conselho consultivo e equipe executiva, somando cerca de 100 colaboradores. Além deles, ainda há a equipe de voluntários, também em torno de 100 pessoas.
— Isso aqui só existe porque é feito de pessoas, que são meus braços, cabeças e pernas. A gente não trabalha sozinho. Juntos, temos o ânimo para levar a missão em frente. E todo o grito da comunidade por ajuda, nós temos que ouvir e plantar, para que o mundo seja melhor — relata a Irmã Pierina.
Como ajudar
Depósito em conta bancária
Banco do Brasil: agência 2814-2, conta 5356-2
Banrisul: agência 0051, conta 06.026.359.1-6
Caixa: agência 445, conta 905-3
Boleto bancário
Ligue para (51) 3384-1001 ou mande e-mail para coordenação.centraldedoacoes@pequenacasa.org.br e solicite o boleto para contribuição. A doação é espontânea, o boleto é enviado pelos bancos conveniados Caixa Federal ou Santander para sua residência e o valor é estipulado por você.
Outras doações
Doe alimentos, material escolar, material pedagógico, brinquedos, material de escritório, material de higiene e limpeza, cadeiras e mesas (escolar e escritório), roupas usadas ou não, de qualquer tamanho, material para cursos (de corte e costura e embelezamento feminino), equipamentos de informática, livros para a biblioteca e mais. A Pequena Casa da Criança pode buscar a sua doação. Ligue para (51) 3076-0500 e agende o horário.
Voluntários
Seja um voluntário. Entre em contato no telefone (51) 3076-0500 ou pelo e-mail administracao@pequenacasa.org.br. Conheça a Pequena Casa da Criança: Rua Mario de Artagão, 13, no bairro Partenon, em Porto Alegre.
Produção: Eduarda Endler