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Com rodoviária fechada, passageiros de Charqueadas esperaram ônibus ao relento

Em Charqueadas, local fechou em janeiro. Desde então, passageiros embarcam e desembarcam em uma praça, sem nenhuma proteção ou estrutura

25/02/2019 - 07h00min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Elana Mazon / Agência RBS
Prédio antigo fica em frente ao atual "ponto de embarque"

Os moradores de Charqueadas que utilizam o transporte metropolitano para viajar até a Capital e para outras cidades vizinhas, não contam mais com a rodoviária da cidade. A notícia foi anunciada pelas redes sociais ainda no final de agosto de 2018, e o fechamento definitivo ocorreu no início de janeiro de 2019. 

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Desde então, passageiros pegam o ônibus na praça Waldomiro Martins, localizada na Rua Genésio Marques, em frente ao prédio antigo, onde também foi instalado um ponto de venda de passagens. O problema é que não há qualquer estrutura para proteger quem usa os veículos da chuva e do sol. 

Quem usa as linhas diariamente sentiu a mudança — afinal, na praça, além de faltar proteção, não há banheiro público ou abrigo para quando se formam filas na compra de passagens. Uma delas é a estudante de Direito Joana Rocha Guerreiro, 21 anos, que faz diariamente o trajeto entre Charqueadas e Porto Alegre para fazer faculdade e estágio.

— Não temos nenhum conforto para esperar. Há algum tempo, foi implantada a bilhetagem eletrônica, e isso gera filas para entrar no ônibus. Se está chovendo, temos que esperar na chuva. Em dias de calor, esperamos no sol. E pode ser pior quando as temperaturas baixarem — relata ela.

Giuliano Campos, 28 anos, também estudante que faz o trajeto diariamente, relata problemas semelhantes:

— Já vi muita gente descer do ônibus e pegar chuva. Não tem uma marquise ou parada para a gente se proteger.

Prazo

Neste mês, a prefeitura de Charqueadas divulgou o projeto de um novo terminal, que inclui, além de uma parada para os ônibus, banheiros públicos e acessibilidade na praça usada atualmente. Segundo a secretária de Administração e Planejamento Urbano da cidade, Lisiane da Silva Lopes, a estrutura metálica do abrigo será doada pela empresa responsável pelo transporte metropolitano, a Expresso Vitória. 

Já a construção e manutenção dos banheiros e da estrutura para tornar a praça acessível será de responsabilidade da prefeitura. A má notícia é que os passageiros ainda ficarão, pelo menos até o final de março, à mercê da chuva, do sol ou do frio, mesmo este sendo um problema conhecido há pelo menos cinco meses.

— Desde que o proprietário do prédio da antiga rodoviária informou que fecharia o local, estamos trabalhando em uma solução. O processo é demorado. Para que o prédio onde atualmente as passagens são vendidas fosse cedido para a empresa, por exemplo, um projeto foi aprovado pela Câmara de Vereadores. O plano é estar com o terminal pronto antes de abril, quando as temperaturas começam a mudar — explica Lisiane.

Ainda conforme Lisiane, a construção dos banheiros deve levar mais tempo, já que, atualmente, o processo para abrir a licitação ainda está em andamento. A secretária afirmou, também, que ainda não é possível estimar o custo do projeto.

Sobre o assunto, a Expresso Vitória informou, em nota, que não é responsável pelos terminais de embarque e desembarque nem pela venda de passagens. Mesmo assim, a empresa afirma que, após a notícia sobre o encerramento das atividades da rodoviária, procurou os órgãos gestores para buscar soluções. Atualmente, a empresa é a responsável pela emissão das passagens.

Problemas antigos e variados

A falta de rodoviária foi mais um problema entre os inúmeros relatos de quem usa as linhas que ligam Charqueadas a Porto Alegre. Giuliano, por exemplo, reclama da falta de conforto nos ônibus da empresa:

— Muitos carros não tem ar-condicionado. Às vezes, também estão muito sujos e não são confortáveis. O serviço não é satisfatório.

Para a estudante Joana, maior problema é o estado de conservação dos ônibus.

— Se os veículos recebem manutenção, ela não é suficiente. Faço este trecho há três anos, e já fiquei parada na estrada em função de ônibus estragados várias vezes — conta ela.

A Expresso Vitória alega que vem buscando a renovação da frota de modo contínuo, dentro da realidade do setor. Sobre a limpeza, a empresa alega que possui, em todas as garagens, uma equipe qualificada para que os veículos saiam em condições adequadas. Com relação aos veículos que estragam, conforme a nota, a "empresa manutenção preventiva em dia e manutenção corretiva", e seus índices de quebra estão dentro da média do sistema em todos os quesitos avaliados pelo órgão gestor, a Metroplan.

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