Seu Problema é Nosso
Após busca por vaga em escola, menina autista ingressa na rede municipal de Viamão
Nauami Yasmin da Rosa Conceição, 11 anos, estava em uma escola que não possui recursos para atender suas necessidades.
Frequentar a escola havia se tornado um sofrimento para Nauami Yasmin da Rosa Conceição, 11 anos, moradora de Viamão. Diagnosticada com grau leve de Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos seis anos, a menina requer uma instituição com recursos que atendam às suas necessidades. Hoje, a rotina de Nauami recomeça em uma nova escola, após a reportagem do Diário procurar respostas junto à Secretaria Municipal de Educação (SME) e à 28 ª Coordenadoria Regional de Educação (28 ª CRE).
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Há cerca de cinco anos, a mãe, a auxiliar de serviços gerais Solange da Rosa, 39 anos, busca providências para que Nauami tenha seus direitos respeitados conforme a Lei 13.146 de 2015 — a qual assegura condições de igualdade visando à inclusão social e cidadania de pessoas com deficiência (PCDs).
O autismo é marcado por três características fundamentais: dificuldade de comunicação, incapacidade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Até ontem, Nauami era aluna do sexto ano da Escola Estadual de Ensino Médio Farroupilha e enfrentava situações difíceis para sua compreensão.
— Ela foi passando pelas séries mesmo sem ter adquirido conhecimento como os outros alunos. Ainda não sabe escrever. Agora, no sexto ano, toda vez que ocorria a troca de professores (conforme o cronograma de disciplinas), se sentia perdida e começava a chorar — conta a mãe.
Solange explica que, até o quarto ano, na mesma escola, a filha era atendida de forma especializada.
Transferência
O desejo de Solange era transferir Nauami para uma escola municipal, de preferência, a Nossa Senhora da Conceição, perto de casa. Segundo informações que ela mesmo procurou, há escolas com os recursos básicos para atender a filha no município. Porém, em diversas tentativas, a Central de Vagas lhe informou que não havia nenhuma para Nauami.
Além disso, Solange relata que, no ano passado, procurou a Ouvidoria do Estado a fim de requerer um professor auxiliar para a filha. Contudo, a resposta encaminhada pela 28 ª CRE atestava que “não tinha sido encontrado nenhum aluno com autismo na Escola Farroupilha” e que foi solicitado à escola que informasse à Secretaria Estadual de Educação dados da aluna, para que um professor itinerante fosse encaminhado.
Por um período durante o quinto ano, Nauami teve aulas uma vez por semana com um profissional deslocado de outra escola. No entanto, segundo o diretor da Farroupilha, Jussemar da Silva, o professor está em licença. Desde então, Nauami não teve mais o suporte.
Solange destaca, ainda, que levou para a escola laudos médicos, os quais comprovam a condição da menina. Em um dos atestados, o médico declara a necessidade de um monitor em sala de aula.
Rede municipal vai acolher menina
A reportagem buscou a 28 ª CRE — que representa escolas estaduais de Viamão — para buscar uma posição sobre a falta de atendimento especializado para Nauami. A Assessoria de Educação Especial informou somente que a CRE “está à disposição da mãe para esclarecimentos e providências”.
Questionada sobre a chance de Nauami obter vaga na rede municipal, a SME respondeu que haveria vaga para a aluna. Segundo a pasta, a mãe deveria passar por entrevista com o setor de Educação Especial. Entretanto, antes da publicação desta reportagem, a SME procurou Solange para informar sobre a vaga na Escola de Ensino Fundamental Farroupilha.
— Fiquei surpresa quando me ligaram da Secretaria, pois fui inúmeras vezes lá pedir vaga para minha filha, mas só depois do contato de vocês ( Diário Gaúcho), conseguiram a vaga para ela — relata Solange.
O primeiro dia de aula de Nauami na nova escola será hoje e, conforme a SME, ela terá acompanhamento de um monitor. A Escola Nossa Senhora da Conceição, local de preferência da mãe por ser perto de sua casa, está com a turma do sexto ano lotada.
— Mesmo sendo longe, vou dar um jeito com transporte, porque estive muito tempo atrás desta vaga — finaliza a mãe.
A SME informou que Viamão possui 30 escolas com salas de recursos para inclusão de PCDs.
Produção: Caroline Tidra