Seu Problema é Nosso
Buraqueira em direção ao Campus do Vale, da UFRGS, altera rotas de ônibus na Capital
Moradores precisam caminhar 800 metros até outro ponto. O itinerário foi restringido nas linhas Agronomia, 343-Campus Ipiranga, T8 e T10
Devido a uma sequência de buracos no asfalto, quatro linhas de ônibus alteraram o itinerário no entorno do Campus do Vale, da UFRGS — os coletivos deixaram de passar em pelo menos cinco paradas na zona leste de Porto Alegre. O local interditado é no acesso secundário à universidade, quase em frente ao pórtico de Viamão, e afeta pontos da Avenida Bento Gonçalves.
Leia mais
Após furto de materiais, cooperativa de São Leopoldo busca recursos para retomar produção
Atraso na entrega de dieta enteral preocupa famílias
Espera de um ano por cirurgia de catarata prejudica idosa em Porto Alegre
As restrições envolvem as linhas Agronomia, 343-Campus Ipiranga, T8 e T10. Com a limitação, moradores precisam caminhar 800 metros até a rótula do Campus do Vale. A empregada doméstica Viviane Assunção, 57 anos, afirma que precisa sair de casa, no Beco dos Cafunchos, quase uma hora mais cedo para não perder o horário no trabalho, pois depende de carona até a parada:
— Faz um mês que tá assim. Não consigo nem caminhar mais, já estou com inflamação no pé.
Outra saída é enfrentar uma subida de meio quilômetro para chegar ao ponto onde começam as viagens dos coletivos, dentro da UFRGS, como faz diariamente Jane Lopes, 36 anos, que também trabalha como doméstica.
— Saio de manhã, ando uns 15 minutos. Na volta, é pior: caminhar de noite na rua, sozinha, é complicado — afirma.
A universidade disponibilizou aos moradores da região o ônibus conhecido como “branquinho”, que circula por entre os campi de forma gratuita. Antes apenas para estudantes, o coletivo serve de “carona”, pois ainda circula no ponto esburacado, levando os moradores até a parada no Campus do Vale. Porém, ele tem horários mais restritos, reforçado no início de cada turno das aulas.
Tráfego impossibilitado
A Carris — que opera as linhas 343-Campus Ipiranga, T8 e T10 — afirma que a alteração de rota se deu “em função da falta de trafegabilidade do local”. Segundo a empresa pública, a providência foi tomada após quebra de veículos devido à buraqueira.
Responsável pela linha Agronomia, o Consórcio Mais também culpou a inviabilidade de tráfego e afirmou já ter notificado a prefeitura da Universidade sobre o problema. A nota da empresa fala ainda que “a condição da via impacta na manutenção dos ônibus, segurança e conforto dos passageiros” e que “só será possível voltar a passar na parada quando o reparo for realizado”.
A EPTC afirma que os desvios no itinerário foram feitos “em razão da impossibilidade de tráfego no trecho”.
UFRGS: sem condições financeiras
A UFRGS reconhece a falta de manutenção no trecho. Em nota, diz “não ter condições financeiras de realizar os serviços de manutenção corretiva necessários na pavimentação no acesso da Parada 31, solicitados pela EPTC”. Afirma ainda que “o tráfego é pesado no local, com 11 linhas de ônibus que não atendem somente à comunidade da UFRGS, mas aos moradores do entorno do Campus do Vale”.
A instituição pondera que realizou reunião com a prefeitura da Capital em 31 de outubro do ano passado, quando teria sido acordado que a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) faria “ações mitigatórias na pavimentação da área, mesmo que paliativas, para restabelecer a circulação dos ônibus”.
A prefeitura rebate a informação, afirmando que, na reunião citada, ficou estabelecido que a Smim faria uma análise do aspecto legal e financeiro para realizar o serviço. O Executivo diz que, após análise, “verificou-se que se trata de uma área federal, não podendo a prefeitura fazer qualquer tipo de interferência”. Finaliza a nota se colocando a disposição da universidade para retomar as tratativas.