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Conheça a Encruzilhada do Samba, esquina que virou ponto de encontro de foliões no Partenon

Por não ter quadra, escola Realeza, da Capital, faz seus ensaios no local. Comunidade do entorno é envolvida com a agremiação

01/03/2019 - 20h33min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Lauro Alves / Agencia RBS
Comunidade unida para manter a Realeza de pé

Em abril de 1976, um grupo de mais ou menos 30 jovens, todos moradores do Partenon, em Porto Alegre, e amantes de Carnaval, decidiram fundar sua própria escola de samba. Eles sequer sabiam como fazer isso, e precisaram pedir orientação para integrantes de outras agremiações. No dia 11 daquele mês, todos os que possuíam mais de 21 anos (idade necessária para a maioridade à época) assinaram uma ata de fundação. Daí surgiu a Sociedade Beneficente Cultural Realeza.

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Sem espaço físico onde ensaiar e organizar um desfile, integrantes e simpatizantes passaram a realizar eventos em uma esquina próxima de onde alguns dos fundadores moravam, entre as ruas Carlos de Laet e Carneiro Ribeiro. O local ficou conhecido como Encruzilhada do Samba.

– A gente costumava se reunir ali para conversar, fazer festa. Era uma gurizada aqui do bairro, e todo mundo sempre gostou de Carnaval. Só continuamos os encontros – conta Vera Correa Santos, 67 anos, auxiliar de enfermagem aposentada e uma das fundadoras.

O tempo passou, a escola cresceu, a comunidade se aproximou e fortaleceu ainda mais a Realeza. O que não mudou foi a forte ligação com o bairro e com os ensaios, que seguem sendo realizados na rua.

Lauro Alves / Agencia RBS
Em sua casa, Vera guarda estandarte e diversas fantasias

– Pode olhar por aí, o único lazer aqui da comunidade é o Carnaval. Todo mundo participa, todo mundo gosta. Os eventos são sempre abertos, e nunca aconteceu nada. Temos isso no sangue – diz Cândido Norberto Soares, 68 anos, atual presidente da escola e também fundador.

Vizinhança

Quando realizados apenas com os componentes da Realeza, os ensaios reúnem, em média, entre 400 e 500 pessoas. Quando outras escolas são convidadas, o público chega a mil pessoas. Ninguém paga nada, e a escola monta apenas uma copa. O lucro é revertido para os desfiles.

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Da porta da garagem de Mauro da Silva Santos, 68 anos, casado com dona Vera, uma quadra acima da Encruzilhada do Samba, ele aponta outros vizinhos envolvidos com a escola de samba. No bar da rua em frente, ficam os troféus da agremiação. Uma casa azul logo abaixo é da costureira responsável por fantasias da escola. Integrantes da bateria estão espalhados por todo o bairro, e assim vai. 

Nos dias de ensaio, todas as famílias se reúnem. Esta presença maciça da comunidade é motivo de orgulho para todos, como explica Elaine da Silva Santos, 71 anos:

– A gente se ajuda como pode, resolve problemas, também briga bastante (risos). Mas no dia do desfile está tudo resolvido, todo mundo sorrindo. É como uma família.

Lauro Alves / Agencia RBS
Evelise (D) usa fantasia de baiana da escola

Futuro

A união da comunidade já atravessa gerações. Evelise Barboza da Costa, administradora, é neta de Elaine e filha de Josiane Santos Barbosa, que também cresceu na Realeza. Aos 24 anos, a jovem já fez um pouco de tudo na escola: foi passista, desfilou na bateria e em diversas alas. Atualmente, também é membro do conselho fiscal da escola.

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– Tive a sorte de participar ativamente em uma época em que existia o projeto Realeza do Amanhã, que realizava oficinas de bateria e de dança para as crianças do bairro. Era tudo aqui na rua, como os ensaios. Hoje, esse movimento não é tão forte, mas existem planos de retomar – conta Evelise.

Expectativa pelo desfile

Neste ano, a Realeza está na expectativa voltar a desfilar no Porto Seco após dois anos sem mostrar seu trabalho. A escola faz parte do Grupo Prata e levará para o Carnaval o enredo Valente Guerreira, Dandara dos Palmares, a Verdadeira Princesa Brasileira.

Lauro Alves / Agencia RBS
Rua tranquila se transforma em quadra durante ensaios

– Em 2017, estávamos com o Carnaval pronto e não pudemos desfilar. Por isso, estamos retomando este tema – diz Vera. 

A escola pretende levar para a Avenida 700 componentes e dois carros alegóricos.

– Neste ano, os carros não serão avaliados, mas vamos mostrar os que temos – explica Cândido.

A escola está com seu desfile 90% pronto. Neste sábado, haverá um mutirão no barracão, no Porto Seco, para ajustar o que falta e limpar o local.

Lauro Alves / Agencia RBS
Troféus da escola são exibidos em bar



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