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Seu Problema é Nosso

Falta de medicamentos fornecidos pelo Estado prejudica aposentado, em Cidreira

Para não sofrer com as dores causadas por uma malformação, José Luiz precisa de doses diárias de morfina. Quando não pode comprar, ele conta com a doação feita por amigos e em redes sociais

10/04/2019 - 09h43min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Motorista aposentado trata doença com vários medicamentos

Uma rotina de dores e preocupações. É assim que a vida do motorista de ônibus aposentado José Luiz de Macedo Lopes, 52 anos, morador de Cidreira, pode ser definida. Portador, desde o nascimento, de uma malformação junto à coluna vertebral, conhecida por lipomielomeningocele, ele convive com as consequências da doença. 

Hoje, para encarar a dor, precisa de doses diárias de morfina em gotas e gabapentina 300g — indicada para tratamento de dor neuropática crônica. 

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Contudo, desde o início deste ano, o fornecimento dos dois medicamentos não tem sido realizado. José busca os produtos na farmácia municipal, cujo abastecimento é de responsabilidade da Secretária Estadual de Saúde (SES). Nas últimas idas à farmácia, não recebeu previsão de quando chegam os remédios. 

— Faço uso contínuo de 32 comprimidos diariamente. Mas, esses dois, que estão em falta, são essenciais. Fico dependendo de doações de amigos e de grupos em redes sociais — conta José. 

Reclamação 

Angustiado com a situação, o aposentado recorreu ao Disque Saúde, Ouvidoria do SUS, para fazer uma reclamação, a qual foi registrada por meio do protocolo 3022938. Porém, não obteve resposta. Ele afirma que os gastos mensais com medicamentos somam mais de R$ 800. 

Consequências 

A história de José já foi mostrada na edição de 2 de maio de 2018 do Diário Gaúcho. À época, ele relatou o atraso na entrega de sondas e seringas, material usado nos cuidados com um cateterismo intermitente, feito após ele ter passado por uma cirurgia na bexiga. 

— Esse problema veio a partir do diagnóstico da minha malformação, que me deixou com várias sequelas. Entre elas, a bexiga neurogênica, mau funcionamento do intestino e fraqueza nos membros inferiores. Não consigo caminhar sem muletas — explica o aposentado. 

Apesar de ser uma deformidade de nascença, somente em 2017, José tomou conhecimento do problema. A doença age de forma progressiva. 

— Eu sentia muitas dores. Hoje, para amenizar, tenho receituários de morfina. Gasto R$ 30 por frasco, pois não posso ficar sem ou depender de outras pessoas. A minha preocupação é que não há mais o que se possa fazer para minha melhora. Os médicos dizem que a doença pode me deixar paraplégico — lamenta. 

Carência em diversas cidades gaúchas

A SES não respondeu aos questionamentos sobre a falta de medicamentos em Cidreira até o fechamento desta reportagem, na tarde de ontem. 

Na segunda-feira passada, o Diário Gaúcho publicou matéria sobre a falta de remédios fornecidos pelo Estado, o que preocupa pacientes com doenças crônicas e raras no diversas cidades gaúchas. Em resposta, o governo explicou que, em função de dificuldades de orçamento, foram registrados desabastecimentos pontuais de medicamentos no segundo semestre de 2018. No início deste ano, após negociação com a Secretaria da Fazenda, estão em andamento os trâmites de compra e distribuição visando à normalização dos estoques. 

Produção: Caroline Tidra

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