O frio vem chegando ao Estado e, com ele, uma preocupação comum: a gripe. Para os moradores do bairro Lami, no extremo sul de Porto Alegre, a situação estava complicada. A campanha de vacinação contra a doença encerra-se nesta sexta, e eles não estavam conseguindo a imunização na Unidade de Saúde do bairro. É o que conta a cozinheira desempregada Beatriz Regina Teixeira, 58 anos. 

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— Eu liguei para eles, e a resposta é a mesma: sem vacinas. Dizem que há uma geladeira estragada, que não dá para refrigerar as doses. E aí, como eu faço? Tenho problemas respiratórios, minha saúde já é debilitada, vou ter que ir até o Belém Novo e gastar passagem para tomar a vacina — relatou a moradora na sexta-feira passada. 

Segundo Beatriz, a US Lami não fornecia as doses desde o início da campanha de vacinação contra a gripe, em 22 de abril. 

Desempregada, ela não tem condições de pagar a vacina na rede privada ou de se deslocar até postos de outros bairros. 

Medo 

Beatriz relata que a imunização para si própria não é o mais importante mas, sim, evitar a contaminação de outras pessoas, como seus netos. Pode parecer simples, mas o vírus da gripe — chamado Influenza — já causou quatro mortes no Rio Grande do Sul em 2019, segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O documento demonstra número de pessoas contaminadas até o dia 18 de maio. 

Ao todo, 19 casos foram confirmados no Estado e ainda há 122 em investigação. 

Antigo 

Porto Alegre foi a cidade que apresentou mais ocorrências, quatro ao total, seguida por Canoas, três, e Viamão e Santa Cruz, com dois, cada. Casos com morte foram registrados em Barra do Ribeiro, Sapiranga e Santa Rosa — um em cada cidade. 

Outra moradora do Lami, que pediu para não ser identificada, relata que o problema na refrigeração já aconteceu em outras ocasiões. 

— Não é uma geladeira comum, é uma câmara fria. Fomos informados pelo posto que, após uma queda de luz, estragou uma bateria e não refrigerou mais. Mas é estranho porque, sempre que há campanha de vacinação, a câmara estraga — questiona a moradora. 

Normalização em posto começou ontem 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os problemas nas câmaras frias são recorrentes nos 140 postos de saúde da cidade. As causas vão de problemas estruturais das unidades, que danificam os refrigeradores, até defeitos em baterias, fazendo com que as câmaras não mantenham as temperaturas corretas. 

A SMS afirma que, desde o ano passado, uma empresa faz a manutenção dos aparelhos para minimizar as perdas. No entanto, de janeiro até abril deste ano, 3.907 doses de vacinas variadas foram perdidas devido a problemas de armazenamento e refrigeração, na cidade toda. Durante o ano de 2018, 5.711 vacinas foram perdidas. 

Questionada sobre medidas para evitar o desperdício, a SMS informou que “o número atual (de perdas) é aceitável” e pontual, tendo em vista que Porto Alegre recebe mais de 2 milhões de doses por ano. 

A normalização do atendimento no Lami, diz a SMS, começou ontem à tarde. As unidades Norte/Eixo Baltazar, Glória, Cruzeiro e Cristal também têm falta de vacina, com solução prevista para as próximas semanas. 

Produção: Ásafe Freitas 

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