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De valores a atividades físicas

Com atividades no turno inverso, projeto Guarda Mirim atende 109 crianças em Cachoeirinha

Ação é aprovada por pais e por alunos, que ficam mais concentrados e menos agressivos

03/09/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Iniciativa existe há pouco mais de um ano e meio

A concentração e a disciplina são só as primeiras impressões que se observa ao assistir os guardas mirins em atividade em Cachoeirinha. Mas, a realidade é que a experiência tem proporcionado aos pequenos aspirantes bem mais do que isso, como noções de ética, moral e empatia. Criada há pouco mais de um ano e meio, a iniciativa tem conseguido resultados surpreendentes: despertado o interesse de muitos alunos (a fila de espera nunca acaba) e auxiliado na redução de problemas escolares e familiares. 

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A ideia foi trazida pelo comandante da Guarda Municipal, Jonas Alvarino Borba da Silva, 36 anos, e abraçada pelos demais colegas e prefeitura. O projeto funciona em dois núcleos centrais, nas escolas municipais Portugal e Osmar Stuart, e consegue atender 16 instituições da rede ao todo. No turno inverso ao da escola, duas vezes por semana, durante quatro horas, as 109 crianças atendidas se deslocam para os núcleos para receber orientações de combate ao bullying, preservação do meio ambiente e de acidentes, primeiros socorros, prevenção às drogas, combate a incêndio, educação para o trânsito e reforço escolar. 

— Eles começam como aspirantes, para se adaptarem ao projeto. Após a primeira formatura, tornam-se guardas mirins de 3ª classe, podendo chegar até a 1ª classe — explica Jonas.

Quando chegam à 3ª classe, os estudantes já estão autorizados a usar o uniforme de guarda. Conforme avançam, podem ajudar nas tarefas do grupo, sob supervisão dos coordenadores.

Félix Zucco / Agencia RBS
Entre as atividades, orientação de combate ao bullying, preservação do meio ambiente e primeiros socorror

Aprovação

O engajamento e os resultados no comportamento dos participantes, que têm idades entre oito e 14 anos, costumam aparecer nas primeiras semanas. O comandante relata que o número de alunos que era chamado na direção reduziu em 95% desde o início do programa. Para a secretária de Educação do município, Rosinha Lippert, fruto de um projeto que vem sendo conduzido com disciplina e amorosidade. 

— Nossos alunos vêm se desenvolvendo e construindo uma nova aprendizagem, resgatando valores, construindo uma nova consciência no exercício da cidadania. Por meio deste projeto eles têm acesso à cultura, ao lazer, ao esporte e a palestras. As atividades estão fazendo com que apresentem na escola e na comunidade uma forma diferente de se posicionar em frente às dificuldades do cotidiano e na vida — destacou. 

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João Vitor Scheid, 14 anos, por exemplo, lembra dos conflitos que praticamente desapareceram após entrar na guarda.

— Antes eu me estressava fácil, brigava com colegas e em casa. Me fez bem entrar aqui — relata o garoto, há um ano e meio no projeto.

Fã assumida, a dona de casa Sandra Santos, 58 anos, que mora em frente à Escola Portugal, costuma acompanhar, fotografar e prestigiar a gurizada. Alguns dos treinamentos ocorrem na porta da residência e ela assiste a tudo de camarote.

— Eu acho lindo, pois assim não estão na rua. Vim de Pelotas e não lembro de ter algo assim lá. Noto a educação e a dedicação dos guardas com eles — elogia.

Félix Zucco / Agencia RBS
Condicionamento físico dos alunos também é trabalhado no projeto

Oportunidade

Além da teoria, os alunos trabalham condicionamento físico, defesa pessoal e fazem passeios e integrações. As famílias têm acesso livre para acompanhar. Inclusive, quando necessário, pais e alunos são encaminhados para a rede de assistência social e de saúde. A ação tem dado tão certo que foi uma das premiadas na terceira edição do Prêmio Boas Práticas, promovido pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). 

No dia 28 de setembro, às 17h, no Ginásio Municipal, mais uma turma se forma. Essa será a primeira etapa cumprida pelo aspirante Mateus Machado, 11 anos, do 2º Pelotão da Guarda Mirim.

— Desde que eu entrei, aprendi muitas coisas, mas, principalmente, a ajudar as pessoas e a fazer o bem — declara.


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