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Atendimento remoto

Médicos e pacientes relatam desafios e pontos positivos da telemedicina

Ainda uma novidade para ambos lados da conversa, os atendimento remotos cresceram na pandemia, com a autorização emergencial da telemedicina

31/07/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Dra. Bárbara defende que ciência tem comprovado eficácia dos atendimentos remotos

Esta reportagem está dividida em quatro partes. Leia as outras três aqui, aqui e aqui. 

Se para o paciente a experiência de ser atendido distante de um consultório é diferente, para os médicos não deixa de ser uma novidade. A discussão sobre o aprendizado da telessaúde na faculdade também é um dos pontos que entram nos detalhes da regulamentação que é debatida pelo conselho de Medicina. Hoje, conforme o Conselho Federal de Medicina (CMF), menos de 5% das escolas de Medicina do país oferecem nos currículos preparação específica para o atendimento remoto. 

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Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), isso já acontece, mesmo que de maneira recente. No Teleambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), alunos da Medicina que atendem diariamente estão tendo a prática já integrada ao currículo. Para quem não teve a oportunidade no curso, a residência é um caminho. É o caso de Bárbara Rodrigues, médica residente em Medicina de Família e Comunidade. Desde o início da ano, ela se divide entre o Teleambulatório e a Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cecília, trabalhando integralmente com a telessaúde. 

— A gente descobre novas formas de avaliar o paciente, desenvolve novas habilidades. Até o tom de voz do paciente diz muito sobre o que está acontecendo — pontua Bárbara.

Outras áreas

Apesar do receio inicial pela mudança de costume, Bárbara defende que a literatura científica tem demonstrado que muitos atendimentos tem a mesma resolução, independentemente de serem feitos de maneira presencial ou a distância. 

Jefferson Botega / Agencia RBS
Márcia tem obtido resultados positivos nos acompanhamentos nutricionais

O professor  no teleambulatório do HCPA George Mantese exemplifica uma análise feita no hospital em relação ao tratamento de cefaleia — a famosa dor de cabeça. Os atendimentos remotos obtiveram resolução na mesma maneira do que os atendimentos presenciais. Nas outras áreas que também tem lidado com o teleatendimento, a novidade está sendo bem-vinda. Márcia Vargas, nutricionista clínica do HCPA, cita que diversos acompanhamentos têm tido ótimos resultados através da telessáude.

— Pacientes em recuperação da covid-19 tem dado ótima resposta ao atendimento remoto. Situações causadas pela internação a longo prazo, como úlcera por pressão, são tranquilamente tratáveis através da telessaúde — exemplifica Márcia. 

Pacientes citam praticidade e qualidade

Apesar de os profissionais de saúde serem peça fundamental no funcionamento da telemedicina, a parte mais afetada pelas mudanças é o "consumidor final". Os pacientes também precisar enfrentar a adaptação de descrever sintomas e situações totalmente de maneira remota, dando material suficiente para que o médico decida o próximo passo e até a eventual necessidade de um encontro presencial. 

Foi que aconteceu com o comerciante Fernando Pohia Streit, 39 anos. O morador do bairro Industrial, em Cachoeirinha, precisou levar dois de seus quatro filhos para atendimento na emergência do HCPA. Os pequenos tinham sintomas respiratórios indicativos para covid-19. 

Feito o atendimento presencial, Guilherme, cinco anos, e Gabriel, nove meses, aguardaram em casa o resultado dos testes. Assim que foi confirmada a comunicação, Fernando passou a receber ligações dia sim, dia não da equipe do Teleambulatório do Clínicas. As ligações serviam para verificar e evolução do quadro dos pequenos e também reforçar que, em caso de qualquer piora, a emergência deveria ser novamente procurada.

André Ávila / Agencia RBS
Fernando teve acompanhamento dos filhos feito pelo Teleambulatório do HCPA

— O Gabriel apresentou sintomas recentemente de novo. Eles entraram em contato e fizeram dois testes, pois poderia ser uma recontaminação. Mas, desta vez, foi só uma gripe — conta Fernando. 

O morador de Cachoeirinha elogia a praticidade que a telessaúde coloca na rotina de quem precisa de cuidados. Ele conta que a filha de 13 anos também já fez um atendimento com ortopedista por meio de chamada de vídeo.

— É bem mais prático e fácil. Os profissionais entram em contato, falamos por telefone ou mesmo receitas médicas vêm pelo WhatsApp. Tenho uma outra filha que vai fazer 13 anos. Tem casos de a gente ir no lugar e não ter médico para atender. Assim, ao menos temos a praticidade e a garantia — diz Fernando.

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