Seu Problema é Nosso
Utilizada no tratamento de diversas doenças, imunoglobulina humana segue escassa em hospitais
Redução nas doações de sangue compromete a produção do medicamento de alto custo
O estoque de imunoglobulina, medicamento usado na reposição de anticorpos, continua escasso nos hospitais de Porto Alegre desde o mês passado. Hospitais públicos e privados encontram dificuldade para comprar a substância, presente no plasma do sangue e usada como uma forma de repor anticorpos e com efeito em inflamações.
Levantamento da reportagem apontou que pelo menos cinco entre as principais instituições da Capital ainda enfrentam a escassez do medicamento e problemas para renovar o estoque.
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Espera longa
Em agosto, o Diário Gaúcho mostrou a dificuldade de duas famílias em conseguir o medicamento. Atualmente, ambas continuam aguardando o recebimento da medicação, que é essencial. No caso da família de Altair, de Canoas, um advogado está trabalhando de forma voluntária para solicitar o medicamento judicialmente. Já no caso de Andréa, de Barracão, ela espera a chegada do medicamento nas farmácias para que possa fazer o orçamento para a compra.
A imunoglobulina é utilizada para o tratamento de várias doenças como tétano, rubéola, gripes e, recentemente, na recuperação pós-covid. Na regulação do sistema imunológico, ela é essencial no tratamento de doenças neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, neuropatias, doença de Kawasaki e trombocitopenia imune, entre outras.
A falta de imunoglobulina não se restringe ao Rio Grande do Sul e aos demais Estados brasileiros. A escassez da substância é uma consequência da pandemia, pois, como a produção está ligada à doação de sangue, houve uma redução significativa no desenvolvimento do medicamento no último ano.
Hospitais registram pouco estoque
No Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o estoque é suficiente para poucos dias de consumo regular. Há busca por alternativas, como outras opções terapêuticas, e busca ativa no mercado local e internacional. Conforme o gerente de materiais do GHC, Leonardo Stefanuto, a escassez permanece:
– Finalizamos uma compra na sexta-feira (1º), em caráter emergencial, para fornecimento de 50 unidades que foram localizadas junto a um distribuidor. No entanto, é suficiente somente para um período de 10 a 15 dias de consumo.
A Santa Casa informou que a quantidade recebida é inferior ao número necessário para o atendimento completo aos pacientes. E que trata do assunto com a Associação Nacional dos Hospitais Privados para realizar uma ação conjunta.
O hospital Moinhos de Vento informou que, devido ao desabastecimento no mercado dos hemoderivados, está viabilizando a importação de imunoglobulina para reestabelecer o estoque.
O hospital Mãe de Deus ainda tem o medicamento em baixo estoque. As indicações e a liberação são gerenciadas a partir de um comitê técnico e junto à diretoria médica, que ainda avalia a possibilidade de importar o produto.
No hospital São Lucas da PUCRS, ainda há a escassez do medicamento, com estoque que pode durar menos de 30 dias, dependendo das necessidades dos pacientes.
– As equipes médicas estão reservando o uso da substância somente para casos em que não há nenhum outro tratamento disponível. Estamos avaliando possibilidades de importação – informa a gerente de suprimentos, Maria Natália Silva.