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Bicharada

Dedicadas ao trabalho de regate, protetoras contam com redes de solidariedade para fazer o acolhimento de animais

Rose utiliza uma bicicleta para ir até os bichinhos

26/11/2021 - 15h50min

Atualizada em: 26/11/2021 - 16h40min


Marco Favero / Agencia RBS
Além do resgate, Rose faz diversas ações em prol dos animas, como campanhas de castração e busca por doação de ração para os bichos

O que fazer ao encontrar um animal abandonado ou ferido na rua? Hoje, o Bicharada apresenta a história de duas protetoras que, apesar das dificuldades que o trabalho de resgate animal apresenta, buscam em redes de solidariedade o apoio para acolher os bichinhos que encontram.

Foi em 2018 que a dona de casa Roselaine Modesto de Pádua, 48 anos, começou sua atuação em prol dos animais. Ao realizar ações relacionadas aos bichos, que vão desde campanhas de castração a feiras de adoção, não demorou muito para se tornar uma referência no tema para moradores do bairro Sarandi, em Porto Alegre, onde reside.  Com o tempo, também passou a ser procurada por pessoas que buscam ajuda para fazer o resgate de animais em diferentes situações. 

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Apesar de esta ser uma das práticas que ela se propõe a fazer pelos bichinhos, Rose, como é conhecida, enfatiza que os resgates são limitados pelas circunstâncias que uma protetora independente enfrenta. Ela explica que, junto a outros voluntários, criou um grupo que chegou a ter 24 pessoas, mas atualmente está menor. Hoje, conta com a ajuda de apenas três amigos para realizar as atividades do projeto. 

E é sobre sua bicicleta que Rose se movimenta pela cidade para acolher os bichos. Sem ter carro, ela acopla uma caixa de transportar animais na bike e segue pelas ruas.

Parcerias 

Quando um animal é resgatado, é comum ele precisar de cuidado veterinário. É o caso de três filhotes de cães e quatro de gatos que Rose tinha em sua casa no dia em que falou com a reportagem. Haviam sido resgatados recentemente. Após a entrevista, os animais foram levados para consultas em uma clínica parceira da protetora. E são estes parceiros que se tornam fundamentais para o trabalho de resgate.

– Vou nessa agro e, quando os cachorros estão bem, eu os coloco para adoção. Lá mesmo faço uma feira de filhotes. Além disso, quando entram clientes, falo sobre o que faço e peço doações de ração. É esse o meu trabalho. Cuido na medida que posso, ajudando os bichos e os colocando para adoção – explica. 

Por conhecer os seus limites de trabalho, não é sempre qu e Rose atende a pedidos de auxílio. Nestes casos, o que faz é tentar mostrar para as pessoas que elas mesmas podem acolher os animais. Ela faz parte de um grupo no WhatsApp em que mais de 30 protetores de Porto Alegre trocam experiências e suporte. Ali, eles têm conversas que vão desde orientações sobre como agir em determinadas situações até a elaboração de campanhas para arrecadar doações. 

A protetora acredita que não é preciso uma pessoa ser engajada na causa animal para acolher um bicho que precisa de cuidados. Ela fala que, em grupos de redes sociais, como no Facebook, é possível encontrar ajuda para pagar o tratamento de animais abandonados ou mesmo encontrar novos lares para eles. 

– Se tu vês um cachorro atropelado na rua, pode tentar levá-lo em uma clínica. Qualquer um poderia ajudar os animais – finaliza.

ADOTE
/// Atualmente, Rose tem um cão filhote, dois adultos e sete filhotes de gatos disponíveis para adoção. Interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 99143-6359. 

Marco Favero / Agencia RBS
Atualmente, a protetora possui gatos e cães disponíveis para adoção

Redes sociais como aliadas 

A funcionária pública Marília Graciela Figueiredo de Melo, 39 anos, se dedica aos animais desde a sua adolescência, e o resgate é uma das principais atividades que realiza. 

Mas, assim como Rose, é uma protetora independente e não tem condições de atender todos os casos que chegam até ela. Por isso, tem como hábito fazer o resgate dos bichos somente após ter conseguido garantir o valor para o tratamento do animal e ter encontrado alguém que se responsabilize por ele, mesmo que temporariamente. 

Para isso, utiliza ativamente as redes sociais, que se tornam os principais canais de comunicação entre ela e seus apoiadores.  

Sem assumir

– Não assumo nenhum animal. Muita gente me chama para falar de um animal atropelado, por exemplo, e pergunta se eu posso pegar. Digo que não, porque simplesmente não tem como. Minha ideia é beneficiar os animais, mas não me tornar uma acumuladora – explica. 

Quando chega até ela o caso de algum bicho que precisa de ajuda, a primeira coisa que faz é se informar sobre a situação dele para, em seguida, contatar uma clínica veterinária e pedir a estimativa de quanto precisará gastar. Após, procura os grupos de redes sociais e busca doações financeiras para arcar com a despesas do animal. 

Sabendo que este nem sempre é um trabalho simples, Marília se disponibiliza a ajudar pessoas que queiram fazer algum resgate mas não sabem como agir. Pelo WhatsApp (51) 98420-6680, é possível conversar com a protetora e buscar mais orientações sobre o tema. 

Quem atropela deve socorrer

Um dos órgãos públicos que atua no resgate animal é o Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM). O tenente-coronel Vladimir Luís, responsável pela unidade, explica que é possível, pelo telefone 190, solicitar o resgate de qualquer bicho, seja ele doméstico ou silvestre. Segundo o oficial, a principal dificuldade em relação a este atendimento é a falta de estrutura dos municípios para receber os animais. A maior parte das cidades gaúchas, ele fala, não possuem locais adequados para acolhê-los. 

É por isto que, há alguns anos, o Comando Ambiental, em conjunto com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, firmou parceria com ONGs e clínicas veterinárias que ajudam com o acolhimento dos animais que os municípios não conseguem receber. Ou seja, após serem resgatados pelo órgão, eles são encaminhados para estes grupos.

Catiane Mainardi, secretária do Gabinete da Causa Animal de Porto Alegre, explica que a prefeitura conta com o apoio do CABM para a realização deste serviço. Na Capital, quando resgatados, os animais são levados para a Unidade de Saúde Animal Victoria (USAV), onde recebem atendimento veterinário. Após, são oferecidos para adoção. Aqueles que não conseguem um adotante de imediato ficam abrigados no canil e no gatil da cidade. A secretária reforça que, em casos de atropelamentos, é responsabilidade do motorista prestar ajuda ao bicho.

Atualmente, a USAV acolhe 102 animais. Destes, 65 estão aptos para adoção. É possível conhecer os bichinhos na Estrada Bérico José Bernardes, 3.489, em Viamão.

Produção: Émerson Santos



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