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Galo que faz sucesso nas redes sociais e nas ruas de Porto Alegre inspira livro infantil

Tutora de Fu, Anete Michel, 46 anos, escreveu história sobre respeito à diversidade e o amor aos animais

31/12/2021 - 13h39min


Roger Silva
Roger Silva
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Anete Michel / Arquivo Pessoal
Fu tem quase três anos e vive em um apartamento no bairro Santana, em Porto Alegre

A presença de Fu, um galo de quase três anos, em shoppings e ruas de Porto Alegre não é tão inusitada quanto a relação dele com Anete Michel, 46, sua tutora. A cirurgiã-dentista adotou o bichinho ainda filhote, em 2019, sem a pretensão de manter o compromisso com um animal de estimação. Uma pandemia e muitos momentos de carinho e cumplicidade depois, ela encaminha a sua aposentadoria do consultório particular e pretende publicar um livro infantil inspirado no companheiro.

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— A ideia era passar um mês de férias com ele em casa, para matar a saudade dos tempos de infância no interior cercada por bichos. Acabaram as férias e não levei ele para o sítio da minha irmã, porque o coração falou mais alto. A gente se apaixona, não tem como — conta Anete, admitindo que a adoção mudou sua vida para sempre.

Fu, batizado pelo namorado de Anete, foi comprado na Capital, recém nascido, junto com outro galo, o Fi, que não se adaptou à vida de apartamento na cidade grande. Ele acabou indo viver em Salvador do Sul, município de 7,9 mil habitantes, a cem quilômetros da Capital, com a irmã de Anete. O contraste entre os irmãos e a adaptação de Fu a um ambiente diferente do seu natural são tema da história que a dentista escreveu mesclando relatos reais com situações fictícias.

— Espero levar alguma reflexão a crianças e adultos sobre respeito às diferenças, amor aos animais, inclusão social e como encarar os episódios desconfortáveis da nossa vida — detalha a aspirante à escritora.

Anete está em contato com editoras e em fase de ajustes na história já concluída. Ela ressalta que em nenhum momento pensou em ganhar notoriedade através de Fu. As roupas e cenários encontradas no Instagram dele foram sendo descobertos de maneira natural, pois o próprio galo se mostra feliz com o carinho e atenção recebidos das pessoas quando está passeando com a dona. A própria conta em rede social, diz ela, foi um pedido de amigos que queriam acompanhar os momentos do bichinho durante a pandemia  e hoje já soma mais de 6 mil seguidores.

— Assim como com qualquer bichinho, a gente quer o melhor para eles. E ele fica feliz quando está na nossa companhia, independente do lugar ou da roupinha que ele veste. Não entende o significado do chapéu do Papai Noel, do chimarrão por perto ou da pilcha gaudéria, mas a (veste) preferida dele é a gravatinha, pois quando posa para as fotos e recebe elogios, sabe que está enfeitado pela reação das pessoas em redor — explica a tutora.

— Quem sabe ele não aparece na Feira do Livro do ano que vem — arrisca.

Anete Michel / Arquivo Pessoal
Fu exibe sua gravata

Carinho mútuo

A rotina de Fu e Anete não é muito diferente da de qualquer gato ou cão de estimação com seu dono. A ração é uma mistura de grãos com gergelim, amendoim, milho partido, alguns só encontrados no Interior, e as necessidades não requerem limpeza ou modificações na casa, segundo a tutora. O único móvel da casa em que Fu sobe é o seu canto do sofá, principalmente quando não encontra nenhum humano sentado nele para receber um carinho.

Cantar alto pela manhã, no apartamento do bairro Santana em que vive, só por volta das 7h30min, graças ao sistema de cortinas que deixam o quarto mais escuro nas primeiras horas da manhã. Até descobrir todos esses detalhes, Anete questionava se estava cuidando bem do galináceo. 

A permanência da ave domesticada em Porto Alegre contou com a ajuda de uma colega de trabalho da dentista, que também teve um galo na infância. Cilene de Azevedo, fonoaudióloga, foi um amparo constante enquanto Anete estava incerta de seus cuidados a Fu. Cilene se tornou amiga e foi nomeada madrinha do galo.

— Eu pensava no bem-estar dele, me preocupava por ele estar sozinho sem outros bichos por perto. Levava ele no sítio da família para ver se lá ele ficava melhor, e ele sempre voltava para o carro antes mesmo de nós, querendo vir embora para a Capital de volta — relembra Anete.

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