Seu Problema é Nosso
Em Porto Alegre, cozinha comunitária precisa de alimentos
Projeto que surgiu no bairro Agronomia distribui mais de 250 refeições diariamente
Por mais que se entenda que ter um prato de comida na mesa seja o básico, essa não tem sido a realidade de muitas famílias. A crise econômica, que afeta o lado financeiro das pessoas e faz aumentar o valor dos alimentos, segue trazendo dificuldades para muitos lares cuja renda não é suficiente para se manterem. Assim, projetos que investem no combate à insegurança alimentar surgem como um suporte para essas famílias. Porém, para que consigam dar continuidade às ações, essas iniciativas também necessitam de apoiadores.
Este é o caso da Cozinha Comunitária da Chácara dos Bombeiros, localizada no bairro Agronomia, em Porto Alegre. Em agosto do ano passado, um grupo de oito mulheres passou a preparar alimentos que, semanalmente, são distribuídos aos moradores de comunidades próximas. No total, são servidas 255 refeições.
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O trabalho é mantido com as doações que as voluntárias recebem. Porém, nos últimos meses, a ajuda diminuiu ao ponto de elas terem de interromper o preparo dos alimentos por dois meses. No lugar dos pratos de comida, durante os meses de fevereiro e março, tiveram que distribuir café com leite e bolachas para as famílias.
– As pessoas da vila têm vivido de bicos, com salários muito baixos. Então, o projeto busca amenizar a fome na hora. Com o aumento do valor do gás de cozinha, muitas pessoas não estão conseguindo nem preparar o alimento em casa – comenta Rosa Mendes, 56 anos, uma das coordenadoras da ação.
Além de ser voluntária no projeto, ela integra o Conselho Distrital de Saúde do Partenon. E foi em uma das reuniões do grupo que surgiu a ideia de construírem a cozinha.
Solidariedade
Dorotea Soares, 53 anos, é outra coordenadora do projeto. Com 20 anos de atuação em ações sociais, hoje ela não mais trabalha, pois decidiu se dedicar aos estudos. A voluntária está concluindo o Ensino Médio para, futuramente, cursar Psicologia e construir um núcleo de atendimento psicológico na sua comunidade. Moradora do bairro, ela conta que, num dos encontros do Conselho de Saúde, falou de seu desejo em construir a cozinha.
– Na reunião, eu joguei a proposta. Falei que não teria condições de fazer sozinha, mas que a comunidade estava precisando. A partir dali, as pessoas acolheram a ideia e montamos a cozinha na casa da Rosa – conta.
Durante cinco meses, semanalmente, fizeram o preparo e a distribuição dos alimentos, até terem de parar devido à falta de apoio. Dorotea acredita que as doações deixaram de chegar devido ao aumento dos preços. Sua desconfiança não está longe da realidade, já que, em março, a cesta básica de Porto Alegre teve aumento de 5,5%, ultrapassando o valor de R$ 700.
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Apoio
Mantendo a casa apenas com o Bolsa Família, Patrícia da Silva, 24 anos, mora com seus três filhos. Ela conta que, no ano passado, por seis meses, vendeu panos de prato em sinaleiras para complementar a renda. Durante esse período, acabou engravidando e, em seguida, pegou covid- 19. Assim, precisou parar com a atividade. Hoje, a ajuda que recebe do pessoal que organiza a Cozinha Comunitária tem sido fundamental para seu sustento.
Segundo Patrícia, sem receber pensão para os filhos, o benefício que ganha não é suficiente para comprar comida e arcar com as demais despesas do mês. Então, o projeto também tem apoiado com doações de roupas e, até mesmo, na realização de reparos em sua casa.
AJUDE A INICIATIVA
/// O projeto aceita doações de alimentos como arroz, feijão, massa, leite e demais produtos. Além disso, aceita colaborações em dinheiro para a compra de carnes e legumes.
/// Para saber como colaborar, entre em contato com Rosa pelo WhatsApp (51) 98480-2169.
Produção: Émerson Santos