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Saiba quais vias da Capital lideram o ranking de atropelamentos por ônibus nos últimos 10 anos 

Número de acidentes do tipo apresenta redução significativa no período

12/05/2022 - 05h00min

Atualizada em: 12/05/2022 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Avenida Bento Gonçalves, no topo do ranking

No dia 19 de março, uma idosa foi atropelada por um ônibus e morreu. O caso foi na Avenida Borges de Medeiros, na região central de Porto Alegre. Infelizmente, o acidente não é uma exclusividade. Nos últimos 10 anos (entre 2012 e 2021), 21 pessoas foram atropeladas por ônibus na Borges de Medeiros. E ela nem é a avenida com mais casos deste tipo na Capital. Este infeliz título fica com a Avenida Bento Gonçalves, que cruza a Zona Leste, onde 90 pessoas foram atropeladas por ônibus entre 2012 e 2021. Os dados foram obtidos pela reportagem através da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Em toda a cidade, foram 893 atropelamentos por coletivos municipais no mesmo período – uma média de quase 90 casos por ano. Dos atropelamentos por ônibus registrados no período de 10 anos, 64 resultaram em morte. Em média, são mais de seis mortes por ano com envolvimento de veículos da frota de transporte público municipal. Ainda assim, vale ressaltar que os ônibus não são os maiores responsáveis por atropelamentos – carros e motos ficam na frente, respectivamente, e depois, os coletivos ainda ultrapassam caminhões, lotações e táxis. 

Entre 2012 e 2021, foram 10.247 atropelamentos na cidade – ou seja, os ônibus foram responsáveis por 8,7% dos casos. Porém, foram 378 vítimas fatais nos atropelamentos – assim, os ônibus municipais estavam envolvidos em 17% dos casos. Ou seja, mesmo sendo presentes em menos atropelamentos, os ônibus são mais letais, como explica Henrique Antunes Dilélio, da Gerência de Desenvolvimento e Inovação e do Observatório de Mobilidade da EPTC

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Cruzando os dados obtidos através da LAI, a reportagem chegou aos 10 pontos da cidade com mais atropelamentos por ônibus. A Avenida Bento Gonçalves lidera o ranking. Foram 90 casos ao longo da década, com cinco mortes. Os dados também apontam o trecho mais perigoso da pista. Na Bento, 16 dos 90 atropelamentos foram registrados entre os números 2.873 e 3.093. A região corresponde à quadra onde está o cruzamento da via com a Terceira Perimetral. O local hoje tem um dos principais terminais de ônibus da cidade. 

Diego Marques, coordenador da Escola Pública de Mobilidade da EPTC, recorda que o cruzamento era um ponto crítico em acidentes de trânsito, principalmente atropelamentos. A redução veio com a implantação do viaduto São Jorge, que teve a liberação total para trânsito em julho de 2016. E olhando para os dados, a afirmativa corresponde. Desde a metade de 2016, somente quatro ocorrências de atropelamento por ônibus aparecem na mesma região.

Queda no número de ocorrências

Em toda Capital, o número de atropelamentos vem caindo ao longo da década. Enquanto em 2012 foram 1.447 atropelamentos (sendo 139 por ônibus municipais), em 2021, o número ficou em 572 (sendo 28 por coletivo municipal). É uma redução de 60,5% nos atropelamentos em geral e de 79,8% nos atropelamentos por ônibus urbanos.

A queda tem ligação com a década de ação para redução mundial de acidentes de trânsito com vítimas fatais. A iniciativa é da Organização das Nações Unidas (ONU). A primeira década de trabalho foi entre 2011 e 2020. No período, o objetivo era reduzir pela metade o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito.

– Por isso, desde 2010 temos o monitoramento e acompanhamento da cada acidente com vítima fatal na cidade – explica a engenheira Diva Yara Mello Leite.

Com base nestes dados, a EPTC monta ações nas áreas de engenharia, educação e fiscalização. A engenharia elabora e executa projetos como melhoria de sinalizações, instalação de lombadas eletrônicas, redutores de velocidade, entre outros itens. A educação trabalha com ações voltadas para os públicos que fazem parte do sistema de trânsito de uma cidade, desde os pedestres até os motoristas.

Avenida Osvaldo Aranha: muitos acidentes em poucos quilômetros

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Via que ocupa o segundo lugar tem apenas 1,2 quilômetros

Entre as 10 vias com mais atropelamentos por ônibus, a Avenida Osvaldo Aranha chama atenção. Apesar de ter apenas 1,2 quilômetros de extensão, foi ali que 79 atropelamentos por ônibus ocorreram entre 2012 e 2021. O número é o segundo maior, atrás apenas da Bento. E a pista fica na frente de avenidas como a Protásio Alves (com 13 quilômetros de extensão) e Assis Brasil (com 10,7 quilômetros).

A engenheira Diva Yara Mello Leite, responsável pela gerência de Desenvolvimento e Inovação e coordenadora do Programa Vida no Trânsito da EPTC, conta que os números da Osvaldo chamaram atenção do órgão há alguns anos. Num levantamento interno, a administração percebeu que a pista era a que mais tinha ocorrências por metro na cidade.

– Iniciamos todo um trabalho de revisão da avenida, dos pontos de atenção e de como poderíamos melhorar isso – recorda Diva.

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A engenheira Taísa Kindlein, da gerência de Planejamento de Trânsito e Circulação da EPTC, recorda algumas das ações tomadas na Osvaldo Aranha. Um dos principais pontos de atenção é a região entre os números 1.200 e 1.500, entre o cruzamento da Osvaldo com a Rua Ramiro Barcelos e a ligação da pista com a Fernandes Vieira e Venâncio Aires. Somente ali, foram registrados 29 dos 78 atropelamentos por ônibus entre 2012 e 2021.

– Mudamos diversos pontos da Osvaldo Aranha ao longo dos últimos anos. Foram acrescentadas travessias completas, ou seja, quando o pedestre consegue ir de um meio-fio ao outro na mesma faixa de pedestre – diz Taísa.

Outros elementos usados na Osvaldo foram sinaleiras com contagem regressiva e a canalização para pedestres – proteções colocadas para impedir a travessia em pontos inadequados.  



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